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Lula lança-se ao Planalto, mas com problemas a resolver, dizem analistas

Especialistas ouvidos pelo SBT News explicam que desafios incluem mediação entre esquerda e centro

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Lula lança-se ao Planalto, mas com problemas a resolver, dizem analistas
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Após 12 anos longe do cenário político, o ex-presidente Lula (PT) lançou-se novamente à disputa ao Planalto neste sábado (7.mai). Líder nas pesquisas de intenção de voto, o discurso da pré-candidatura do petista mirou na economia e defendeu a retomada de investimentos. Lula afirmou que o Brasil precisa de livros em vez de armas, disse que as famílias estão se endividando para sobreviver e criticou o atual governo.

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No entanto, para conquistar os votos que lhe faltam para ser o novo chefe do Executivo, Lula ainda tem problemas a resolver, segundo análise dos especialistas ouvidos pelo SBT News. Um dos desafios é ponderar o seu discurso para não despertar a insatisfação de alguns setores da sociedade que podem ser decisivos para definir o pleito deste ano. Ao mesmo tempo, reconquistar o eleitor que estava acostumado a ver campanhas de massa muito fortes, como as que ele já realizou no passado.

O ex-presidente precisa ainda se apresentar de uma forma viável para aquele eleitor que não é muito afinado com o seu discurso mas, sobretudo, rejeita o atual governo.

"Lula ainda está encontrando um discurso para oferecer para a população enquanto candidato", explica Vinicius do Vale, doutor e mestre em Ciência Política pela Universidade de São Paulo (USP). 

Segundo ele, isso acontece porque, para que se tenha um discurso fechado, é preciso ter, também, uma composição fechada em torno do discurso. Tal postura durante a pré-campanha é arriscada, já que as alianças e apoios ainda estão sendo costurados e, consequentemente, as agendas também. Dessa forma, segundo o especialista, a diferença eleitoral em 2022 vai se dar, sobretudo, pela exclusão. Ou seja, a rejeição a Lula ou a Bolsonaro, e não a preferência por um candidato, que era a lacuna esperada pela chamada terceira via, até então não consolidada. 

Além disso, o ex-presidente deve ter que lidar com alguns empecilhos que não estava acostumado, por exemplo, em sua última campanha. É o que explica o cientista político Tiago Valenciano, da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político (Abradep).

"O desafio que Lula tem agora é exatamente fazer uma campanha no século XXI, sendo um produto eleitoral do século XX. Ele não é um político moderno.Talvez essa mudança de marketing venha exatamente no sentido do que ele terá que lidar, sobretudo nas redes sociais. Uma fala dele no início dos anos 2000 ecoava na TV, numa rádio. Hoje, ela ecoa no país inteiro, porque ele passou a ser o alvo", acrescenta, Tiago Valenciano. 

Para o cientista político, outra questão a ser resolvida por Lula é mudar o imaginário sobre o PT que se construiu na sociedade ao longo dos anos. "Mostrar que o PT mudou, que aquelas figuras que foram condenadas em relação aos desvios, escândalos e condenadas publicamente pelo eleitorado, não fazem mais parte do partido. Além disso, mostrar que o Partido dos Trabalhadores tem uma nova cara e é menor do que o próprio Lula. É isso o que ele tem tentado mostrar a todo momento", destaca.  

Da esquerda ao centro

"O PT é um partido que tem enraizamento social muito forte. Então, Lula não pode fazer uma mudança de discurso de forma abrupta. Deve haver uma mediação para, tanto agradar a sua base de apoio, quanto para poder conversar com o restante da sociedade", explica do Vale. "Muitas vezes, isso vai significar se deslocar um pouco para o centro, o que pode parecer incoerente, mas nem sempre é contraditório", pontua Valenciano.

Neste cenário, o papel do vice da chapa, Geraldo Alckmin (PSB), será fundamental. "O Alckmin é experiente e sabe operacionalizar política. Ele deve vir para dar esse peso político na campanha e tentar acalmar o empresariado. A militância do PT tem aos poucos aceitado a figura do ex-tucano", ressalta.

No lançamento da pré-candidatura neste sábado (7.mai), o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que se recupera da covid-19, participou por videoconferência do evento e afirmou que a união com o petista celebra a proteção da democracia. "A democracia é marcada por disputas. Disputas fazem parte do processo democrático", disse. 

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