Dificuldade de se organizar não tira 3ª via do jogo, avalia especialista
Cientista político Leonardo Barreto faz análise das peças do tabuleiro para a disputa à Presidência
Débora Bergamasco
As peças do xadrez político começa a se organizar em composições para as eleições presidenciais de outubro. Liderando as pesquisas de intenção de voto, estão o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o atual chefe do Executivo, Jair Bolsonaro (PL), que busca a reeleição. Mas o tabuleiro ainda tem forças que buscam ser uma opção a esses nomes, como o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) e os pré-candidatos da chamada terceira via -- João Doria (PSDB), Simone Tebet (MDB) e Luciano Bivar (União Brasil) --, além daqueles que já chegaram a ser postulantes ao Planalto, mas hoje surgem na retaguarda em busca de espaço, caso de Eduardo Leite (PSDB) e Sergio Moro (União Brasil).
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A fim de ajudar os eleitores a entenderem as complexas movimentações deste jogo, o SBT News ouviu o cientista político Leonardo Barreto, diretor da Vector Research, empresa de análise de risco político. Na entrevista à jornalista Débora Bergamasco, Barreto avaliou que, embora tenha apresentado dificuldades para se organizar, a chamada terceira via tem condições de se materializar e chegar a 15 pontos percentuais nas pesquisas de intenção de voto -- atendendo ao público que ele classificou de "nem-nem" (aqueles que não votariam em Lula nem em Bolsonaro).
O especialista também fez avaliações individuais dos partidos. Para ele, o PSDB "não conseguiu se organizar como oposição ao PT" e, assim como o MDB, deve concentrar esforços -- e verbas -- nas candidaturas legislativas, sob o risco de deixarem de existir por não superarem a cláusula de barreira.
A concentração de dinheiro nas eleições proporcionais também poderia ser determinante para que Ciro Gomes retirasse sua pré-candidatura. Na visão de Barreto, há uma pressão cada vez mais intensa dentro do PDT e, diante disso, o ex-governador do Ceará teria partido para um "tudo ou nada" com ataques ao ex-presidente Lula.
Sobre os líderes das intenções de voto, Barreto entende que Lula e o PT têm uma proposta de "resetar o Brasil até 2014", revogando as reformas, e que o partido carece de uma atualização. Bolsonaro, por sua vez, leva vantagem por ter "a máquina [pública] muito grande, uma base muito fiel e aliados que são muito profissionais no jogo" -- em referência ao Centrão e especificamente ao ministro Ciro Nogueira.
Sobre as perspectivas para o futuro, Barreto crê que "há razões para sermos otimistas, na medida em que nós sabemos qual é o caminho". O mais importante, ressalta, é que o país tenha uma eleição e uma transição de poder -- se assim for necessário -- tranquilas.