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Márcio França (PSB) volta a criticar ação da PM em brigas de casais

Nono entrevistado da série do SBT News com os candidatos à Prefeitura de São Paulo, Márcio França (PSB) comentou frase polêmica dita ao assumir o governo paulista

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Nono entrevistado da série do SBT News com os candidatos à Prefeitura de São Paulo, Márcio França (PSB), voltou a criticar a ação policial em ocorrências de brigas entre casais ou entre vizinhos. Ao assumir como governador de São Paulo, em 2018, após o titular do posto, Geraldo Alckmin (PSDB), ter descompatibilizado do cargo para disputar as eleições presidenciais, França disse que as brigas entre casais sobrecarrega o trabalho da polícia. Na ocasião, a declaração foi criticada por especialistas em violência contra a mulher. "Você acha que é normal, se você tiver com uma briga de vizinho, ter que entrar quatro policiais armados na sua casa, e tal, com uma briga de vizinho? Não precisa", disse o candidato na entrevista concedida nesta sexta-feira, 23, ao SBT News, após dizer que a frase polêmica foi tirada de contexto no passado. 

O candidato também falou sobre sua promessa de campanha de criar vagas temporárias de emprego para 150 mil pessoas que vão receber R$ 600 por mês, mesmo valor do auxílio emergencial distribuído pelo governo do presidente Jair Bolsonaro. Propostas de transferência de renda também aparecem no programa de governo dos candidatos Bruno Covas (PSDB), que tenta a reeleição, e Celso Russomanno (Republicanos), aliado de Bolsonaro.

As sugestões falam diretamente com cerca de 2 milhões de paulistanos que recebem, atualmente, as parcelas do programa federal e que devem perder o benefício diante das perspectivas de encerramento dos pagamentos a partir do início do próximo ano. 

Sobre o fato de estar em quarto lugar nas pesquisas de intenções de voto, citado por 7% dos entrevistados, França tergiversou a respeito do mau desempenho na popularidade, e culpou os institutos responsáveis pelos levantamentos.  "As pesquisas aqui em São Paulo serviram para demitir uma série de diretores de institutos de pesquisa, isso sim", disse o candidato. 

Leia abaixo a entrevista do candidato ao SBT News, na íntegra, aos jornalistas Simone Queiroz e Fabio Diamante - ou, se preferir, assista em vídeo.



SBT NEWS: A primeira pergunta que eu quero fazer para o senhor é sobre uma proposta de um programa de emprego. Ele é alguma coisa que se assemelha ali ao auxílio emergencial, porque as pessoas trabalhariam três vezes por semana, seis horas diárias e receberiam R$ 600 reais. Candidato, que tipo de trabalho é esse que a prefeitura vai oferecer? Por quanto tempo esse programa funciona? E qual o custo disso para os cofres da prefeitura?

MÁRCIO FRANÇA: Bom, o ano que vem nós estamos prevendo um grande problema, você sabe que em São Paulo tem 10 milhões de adultos, desses adultos, 2,7 milhões estão recebendo hoje R$ 600 reais, ainda tem mais uns quase 2 milhões que estão com o contrato de trabalho suspensos ou diminuídos os valores. Então, eu estou prevendo que, quando acabar esse janeiro, evidentemente, nós vamos ter o caos instalado. Eu estou muito preocupado de que as pessoas passem da ação da angústia para o desespero. Quando tiver a primeira aglomeração, uma pedra voar numa vidraça, ai se a prefeitura não ajudar. Aí nós pensamos nesse programa, dois programas, na verdade, de recrutamento, que ajudam as pessoas com ofertas de trabalho, como você disse, um deles com R$ 600 reais, três vezes por semana, a pessoa nos outros dois dias faz um curso de qualificação e a gente tenta reencontrar algum lugar para a pessoa. Muitas pessoas vão voltar a trabalhar, mas não tem mais o serviço, garçom, por exemplo, buffet. Quantos serviços foram extintos? Parques de diversão, enfim, tem tantos serviços distintos que a gente vai precisar recolocar essas pessoas. Isso tudo para 150 mil pessoas, dá R$ 90 milhões por mês, para 150 mil pessoas é bastante dinheiro. Mas esse dinheiro, 90 vezes 12, se tudo fosse no primeiro de janeiro até dia 31 de dezembro, essas pessoas ficam por um ano, no máximo, mas eu espero em um ano recolocá-las em outros lugares.

 Prefeitura de São Paulo não tem recurso disponível, e para poder colocar esse recurso eu fiz uma opção: eu vou cortar, aliás, não vou nomear os 7 mil cargos em comissão de confiança que tem na prefeitura. Hoje existem 7 mil pessoas indicadas politicamente, vereadores, prefeito, partidos, enfim. Eles ganham de R$ 5 mil a R$ 6 mil, tem valores de R$ 30, R$ 40 mil, mas a média é R$ 5, R$ 6 mil. O que dá um total de R$ 10 mil por mês, com encargos, enfim, décimo-terceiro. E a gente está no ano que vem, desses sete mil nós vamos nomear só um por cento, 70 pessoas. Como eu sou experiente, venho de uma longa carreira, já fui prefeito, vocês sabem, de uma cidade grande cheia de problemas. Eu fui reeleito com 93% dos votos, eu sei como fazer isso, governar, com apenas 70 pessoas em cada comissão, e poder tocar o ano que vem. E esse recurso a gente utiliza para ajudar essas pessoas a terem alguma atividade no ano que vem. Quais são os serviços: poda, limpeza, raspação, pintura, ajuda na creche, ajuda na escola, aula de futebol, qualquer coisa no próprio bairro da pessoa, onde ela tem que se deslocar menos o possível. A gente quer que as pessoas possam ter alguma atividade, portanto, eu concordo, não é uma renda mínima, porque a renda mínima que eles propõem é sempre uma renda dada. A nossa não é dada, as pessoas vão trabalhar seis horas por dia, três vezes por semana. Então, ela vai ter uma contrapartida  que eu também não acho correto a gente ficar entregando dinheiro para as pessoas, as pessoas se sentindo humilhadas porque não têm uma atividade. Quando você vai hoje para esses atacadinhos, esses aqui de São Paulo, tem uma fila só pra quem recebe só os R$ 600. Você olha para a fila, a pessoa está de cabeça baixa, afinal, ela ta recebendo R$ 600, mas ela não é uma desempregada para sempre. Você olha na fila você já distingue quem é de um jeito e quem é do outro. A gente quer que as pessoas tenham uma atividade profissional. A nossa tarefa é essa, reanimar São Paulo e criar uma outra linha específica só para jovens, de 18 anos, esse programa eu já fiz quando fui prefeito.

Diminuiu muito a violência da cidade quando eu fui prefeito, e também, aqui em São Paulo quando eu fui governador eu consegui chegar a 23 mil jovens, em 8 meses apenas de governo, eu consegui ter 23 mil jovens aqui em São Paulo fazendo isso em Carapicuíba, e os jovens em cada cidade mais violenta, enfim. Quando o governador [de São Paulo, João] Doria entrou ele cortou o programa, infelizmente, não deu chance para esses jovens terem uma alternativa para fugir dessa coisa de PCC, de crime organizado, que cata esse jovem na hora mais vulnerável, porque eles não têm oportunidade. Então é mais ou menos isso, o serviço que eles vão fazer é em qualquer área, quem tiver aptidão para saúde, vai ajudar no hospital, no pronto-socorro, onde administra. Quem tiver para educação vai para creche. Por exemplo, eu quero ampliar os horários da creche para mais das 17h da tarde, mas os professores não podem ficar lá, então vamos colocar mães para cuidar das crianças para ficar das 17h,18h,19h, para que as outras mães possam buscar as crianças um pouco mais tarde. Serviço não falta na cidade, praça. Tem muita coisa para ser feita. Agora, nós precisamos incentivar as pessoas para terem uma atividade, e de preferência reciclarmos profissionalmente, para eles terem uma outra atividade, porque muitos desses empregos não vão existir mais.

SBT NEWS: Candidato, no seu programa de governo, o senhor também tem falado isso em entrevistas, o senhor prevê um programa chamado: Banheiro para Todos. O senhor pensa determinar que os banheiros dos prédios públicos possam ser usados pelas pessoas, instalação, também, de banheiros químicos em espaços públicos, como praças, feiras livres. . Eu queria entender, por que o banheiro entrou na sua lista de prioridades? E também perguntar, de onde vai vir o dinheiro, por exemplo, por que eu imagino que isso tenha um custo, de segurança, o senhor vai ter um custo de limpeza, mas entender por que isso entrou na sua lista de prioridades?

MÁRCIO FRANÇA: Quando você faz o programa de governo, você relaciona vários itens. Entre os itens, eu relacionei esse. É claro que não é emergência para quem não precisa do banheiro, mas para quem precisa, é sempre emergência. Eu já tive problemas graves, essa semana, inclusive, a minha mulher teve, nós estivemos na zona sul de São Paulo, estava super apertada. Ela deu desespero, não tinha posto de gasolina, não tinha nada, o pessoal bateu lá em uma casa, quero até [agradecer] a casa lá, em Parelheiros, que atendeu a minha mulher, quero agradecer muitas pessoas. Eu sei que não é uma coisa que, enfim, que seja tão relevante, mas para as pessoas que estão naquela necessidade.
Pensa bem, a pessoa sai de manhã cedo de casa, vai para o centro comercial, vai para algum lugar. É inadmissível que a gente não tenha a possibilidade de ter banheiros públicos, eu acho uma coisa tão simples. Olha, eu fui prefeito há 20 anos atrás, mais de 20 anos, 30 anos atrás, e quando eu fui prefeito, todas as feiras da cidade eu coloquei banheiro em todas as feiras. Eu quando ando nas feiras em São Paulo hoje, quando a gente está em campanha sempre, vai mais em feira, enfim, mas em todas as feiras de São Paulo não tem banheiro. Então as pessoas, não sei se vocês já repararam, o feirante chega às 3 horas da manhã, 3 e pouco da manhã, eles fazem as necessidades no saquinho plástico e amarram nas casas do lado. Ou tem que depender às vezes do comerciante de boa-fé, boa vontade. Mas por que a prefeitura não resolve isso? É tão simples, coloca o trailer lá, instala no esgoto, faz um trailer, a pessoa pode usar o toalete, o banheiro e depois pode, inclusive, pode comer nas horas da refeição. O custo disso, é claro, se pudesse não ter custo, era melhor. Algumas coisas podem ser patrocinadas, inclusive, com publicidade, mas no caso assim da feira, os feirantes já pagam a taxa de feirante, e eu não sei porque a prefeitura até hoje não conseguiu organizar isso. Tantas cidade de São Paulo fazem isso, aliás o Brasil todo, e São Paulo, a capital do Hemisfério Sul, uma das cidades mais importantes do mundo, e a gente tem os feirantes amarrando sacos de urina pelos postes, porque não tem onde ter banheiro. É só um exemplo das coisas mais simples, que a gente pode fazer, que depende muito de uma boa vontade de quem é prefeito.

SBT NEWS: Perfeito. Candidato, eu queria mudar um pouco de assunto. O senhor tem defendido uma mudança na prefeitura, uma mudança na Câmara Municipal. Eu entendo que o senhor quer uma mudança na política, uma coisa mais profunda. É a impressão que eu tenho quando o senhor fala desse tema. Mas aí, eu assisti um vídeo esses dias e quero que o senhor me responda: como o eleitor deve interpretar essa sua proposta, quando vê o senhor, ex-governador de São Paulo, candidato a prefeito de São Paulo, pedindo voto para um candidato a vereador que está ali vestido de diabo, ao seu lado, e ele tem um slogan que diz assim: "a coisa tá feia, a coisa tá preta, então vota logo no capeta". Nada contra o capeta. É uma questão de gosto. Mas é essa a política nova que o senhor prega? O senhor acha que a gente não está chegando em um momento que as pessoas precisam tratar um pouquinho mais a sério a questão das candidaturas, os vereadores, os deputados?

MÁRCIO FRANÇA: [Fabio] Diamante, [repórter do SBT], as pessoas mais simples, elas não tem assim um? claro que eu gostaria de ter o Chico Buarque pedindo voto pra mim, o Emicida, o Silvio Santos, mas eles não me apoiam, eu não tenho. Agora, eu tenho 400 a 500 candidatos a vereadores de todos os partidos. Quando você é candidato a prefeito, você se dispõe a gravar com todos eles. Cada um deles aparece do formato que aparece no dia a dia das pessoas. Esse rapaz, por exemplo, o Toninho Diabo, ele trabalha como, ele se fantasia de diabo para vender, para vender, para fazer a vida dele. Ele trabalha na porta de loja incentivando as pessoas a entrarem. Ele ganha R$ 60 por dia, fora condução, para levar alimento para as crianças dele lá, para os filhos, enfim. O outro que o pessoal brincou muito na rede social, pessoal mais, assim, tipo, intelectual, aqui, brasileiro, que é metido a intelectual, eles acham que artista é só os que são famosos. Os artistas da cidade são milhões, milhares, tocam violão.

SBT NEWS: Esse tipo de candidatura, ela acabou se transformando como uma coisa de protesto. Esse candidato que o senhor está falando, ele já tentou ser vereador em Jundiaí, não conseguiu. Tentou ser deputado, não conseguiu. Agora vem pra São Paulo, dá uma sensação de que se leva pouco a sério a questão. Aí o senhor está ali do lado de um candidato como esse.

MÁRCIO FRANÇA: Eu acho que, eu acho que isso é um preconceito. Eu disse que esses preconceitos, eles são ruins. Se alguém assistisse o programa do SBT, lá, do Ratinho, tem muita gente que acha que isso aí é horrível, que o Ratinho é fuleiro, que as coisas, eu não acho. Eu acho ele popular. Eu acho o Silvio Santos popular. Eu adoro o Silvio Santos. Assisto, curto aquele negócio da pegadinha, enfim, que não quer dizer que isso é, claro, que se você falar uma ópera tocando, um cara tocando violino, pode ser culturalmente mais sofisticado, mas a população é igual a esses meninos. Quando eu coloquei o Cássio do Farol lá, que é um rapaz grandão que parece o Cássio [goleiro do Corinthians], aí o pessoal brincou, pessoal mais à esquerda: "olha o Márcio, ele quer ?avacalhar?". O Cássio do Farol, esse rapaz vende salgadinho em um ponto de ônibus. Será que ele está errado em defender a família dele, lá, vendendo salgadinho, vestido de Cássio do Farol? E é assim que ele aparece, é assim que ele aparece na televisão. Claro que eu não confundo isso com a história de você votar em um palhaço, enfim. Mas eu quero dizer que, se por acaso, a pessoa for palhaço e tiver exercício da função dele e for honesta, vota nele quem quiser.

SBT NEWS: Candidato, o último Datafolha mostrou que o senhor avançou, o senhor ganhou dois pontos nas intenções de votos, mas o senhor continua em quarto lugar. Se a gente pensar há dois anos, o senhor concorreu ao governo do Estado, o senhor chegou ao segundo turno aqui na capital, o senhor chegou a ter 1 milhão de votos a mais do que o seu adversário. Se a gente pensar nisso tudo,  quarto lugar ainda não é pouco para o senhor?

MÁRCIO FRANÇA: Claro que é pouco, é que eu teria que estar no quarto lugar. Você se lembra que as eleições não são agora. As eleições são pra frente.

SBT NEWS: Hoje, o retrato da pesquisa.

MÁRCIO FRANÇA: Ah, mas, se eu dependesse de pesquisa. As pesquisas serviram aqui em São Paulo para demitir vários diretores de pesquisa, isso sim. Você se lembra do [Fernando] Haddad, lembra do [Jair] Bolsonaro, lembra de quantas vezes as pesquisas...? Porque as pesquisas fotografam instantes. Se eu levo para as pessoas um nome, se eu colocar hoje, sei lá, uma pessoa famosa em um disco, as pessoas optam pela pessoa, mas não quer dizer que ela vai votar. O que importa são tendências nas pesquisas. As pesquisas que nós temos, por exemplo, já demonstram que eu estarei muito provavelmente no segundo turno. Na eleição passada, eu estava a 10 ou 15 pontos do [Paulo] Skaff e do [João] Doria. Faltavam dois dias para as pesquisas, aí na hora eles saem correndo e acertam tudo porque, claro, depois da pesquisa, depois da eleição feita, aí toda pesquisa acerta na boca de urna e tal. Enfim, o que eu posso garantir é que nós estaremos no segundo turno. Eu acho que quem quiser, de verdade, quem achar que o governo, o prefeito está bem, deve votar lá no 45, no Bruno [Covas], enfim, que é quem é a favor do Doria ser presidente da República. Quem não gosta dessa ideia vai
ter que encontrar uma alternativa que vai ser o adversário. Aqui em São Paulo, ou na minha visão, uma das vagas está preenchida lá com o prefeito atual. A outra vaga vai ser disputada por mim, pelo PT, pelo [Guilherme] Boulos e pelo [Celso] Russomanno, enfim.  As pessoas têm que ver quem é quem tem mais experiência, quem que elas acham que está mais preparado para ser prefeito de São Paulo e não ser sombra de uma eleição presidencial daqui a dois anos.

SBT NEWS: Candidato, muita gente ficou surpresa quando o senhor apareceu naquela, na inauguração da ponte ali na Baixada [Santista], em um evento que o presidente Jair Bolsonaro estava presente. Teve gente do seu partido que não gostou, do PDT também e aí o senhor já foi chamado de "o senhor está à direita". E o senhor também já foi, pelos seus adversários, já foi acusado de ser de esquerda. Então, queria saber do senhor que banda o senhor toca? Ou o senhor, hoje o senhor se entende no centro, ali, dançando a música que estiver tocando?

MÁRCIO FRANÇA: Eu acho muito legal. Essa é uma capacidade linda, né, do Doria. Ele, a gente tem que reconhecer os adversários quando eles têm qualidades, né? 

SBT NEWS: E qual o seu jeito de pensar? O senhor está onde? No centro, mais para a direita, mais para a esquerda? O senhor não me respondeu ainda. Onde está o Márcio
França?

MÁRCIO FRANÇA: Eu só tive um único partido na minha vida, imagine. Você conhece algum outro político que só teve um partido? Eu só tive um partido, me filiei com 17 anos, estou com 57, quase 40 ou 18 anos. Mas então, eu só tive um partido. É claro que eu tenho uma posição política no meu partido. Eu respeito o meu partido. Sempre fui leal ao meu partido e às minhas intenções. E a minha posição, se for olhar apenas o espectro mundial, eu estou no centro para a esquerda, evidentemente. Agora, isso é uma posição pessoal. Eu defendo isso. O que não quer dizer que quando eu sou um prefeito eu governo para os meus. Eu governo para todos. Esse é o grande erro do brasileiro. Se o presidente da República é de direita ou de centro, azar o dele, dane-se. Eu quero saber se ele vai arrumar os R$ 600 para todo mundo, se vai continuar colocando esse dinheiro para as pessoas sobreviverem. Se o governador é de direita ou de esquerda eu não quero saber. Eu quero saber se funciona o Hospital das Clínicas, se ele vai fechar ou se ele vai tirar o [programa] Leve Leite das crianças. Eu quero saber se o prefeito arrumou ou não arrumou ônibus para as pessoas aqui em São Paulo. Se enfiou todo mundo dentro do ônibus cheio aqui em São Paulo. Se vai continuar tendo enchentes aqui na zona norte que teve anteontem, os carros saíram boiando para todos os lados. Então assim, a população, a massa da população, não quer saber se você é um lado ou de outro. Ela quer saber se você sabe fazer ou não sabe. Eu sei fazer. Eu fui prefeito e fui reeleito com 93% dos votos.

SBT NEWS: Candidato, 54% do eleitorado da cidade é formado por mulheres, e boa parte dessas mulheres, mais da metade, não decidiu ainda em quem votar. Essa semana quando o candidato Bruno Covas esteve aqui na entrevista, ele teve que falar do vice dele [Ricardo Nunes (MDB)], que é acusado de violência doméstica pela esposa, ela já desmentiu, mas enfim. E ficou inesquecível a sua frase dita há alguns anos quando o senhor disse que a PM poderia ser mais eficiente se não tivesse que atender tantas ocorrências de violência doméstica, de briga de marido e mulher. Eu pergunto ao senhor: o que o senhor tem a dizer para as eleitoras, acenar para as eleitoras, com programas de serviços, programas de proteção, de prevenção contra a violência, o que o senhor pode falar para as eleitoras que estão indecisas?  

MÁRCIO FRANÇA: Primeiro que a frase foi distorcida. Essa frase não é verdadeira. Então quando não é verdadeira todo o resto é prejudicado, né? Se eu digitar lá, por exemplo, [ex-prefeita Luiza] Erundina improbidade, vai cair lá uma condenação da Erundina. Eu convivi com ela, é uma mulher idônea. Então, não quer dizer que se tem uma frase escrito "Erundina improbidade", que ela é ímproba.  

SBT NEWS: Qual frase [foi dita], então, se não foi essa?

MÁRCIO FRANÇA: Claro que não foi essa. O que eu disse foi que: "a desinteligência, quando há desinteligência, não seria necessário mandar os policiais para a desinteligência". Porque nós temos outros profissionais. Nós podemos ter outros profissionais, até muito mais lógica. Quando você tem um filho que chega em casa com problema de droga, e você bota o policial lá para poder entrar na casa e brigar com as pessoas, ou discutir com as pessoas, normalmente você remete a Polícia Militar para uma confusão que não é dela. Por que ele tem que fazer isso? Por que não podemos ter outra pessoa? É diferente, totalmente diferente, marido que tem violência com mulher tem que ser preso. Simples. Violência com mulher é preso, cadeia. É isso. Está escrito na lei. Aliás, eu tenho uma situação pessoal porque minha esposa foi vítima de violência. Então eu acho um desaforo as pessoas falarem isso. E quem falou isso foi um cara desonestamente falando isso.
Um candidato de um campo político e que eu respeito. Quer dizer, então fez uma malícia, uma maldade, que só se faz assim para quem, na verdade, como truque político. Agora, como é que eu vou explicar isso para as pessoas assim? Olha, eu estou repetindo. Você acha que é normal se você tiver com uma briga de vizinho, ter que entrar quatro policiais armados na sua casa, e tal, com uma briga de vizinho? Não precisa.

SBT NEWS: Ué, para prevenir uma briga. Às vezes, é preventiva. O senhor sabe disso. O senhor foi governador. Às vezes o policial chega ali exatamente para a tragédia
não acontecer depois.

MÁRCIO FRANÇA: Você é casado, [Fabio] Diamante [repórter do SBT]?

SBT NEWS: Não.

MÁRCIO FRANÇA: Não? Você é, [Simone Queiroz, repórter do SBT]?

SBT NEWS: Mas não vem ao caso.

MÁRCIO FRANÇA: Só para perguntar: Você acha que toda discussão que você tiver na sua casa tem que entrar polícia para dentro da sua casa?

SBT NEWS: Depende do calor da discussão.

MÁRCIO FRANÇA: Claro que não. É claro que se for violência física tem que ser preso. Agora, se não for violência física não precisa.

SBT NEWS: Candidato, toda violência física começa com uma discussão. A gente sabe disso.

MÁRCIO FRANÇA: Mas tudo bem. Nós estamos discutindo aqui. Eu discutindo com você eu quero te bater? Não. Nós estamos discutindo. Eu tô falando aqui que eu tenho o direito de discutir com você. Se as pessoas quiserem usar maliciosamente essa frase, elas vão usar. O que eu disse aqui é que a desinteligência entre vizinhos, a desinteligência com vários problemas que se tem em casa, não é necessária você deslocar uma sequência de policiais com carro armado e espingarda é desnecessário. Agora, se for caso de violência doméstica tem que ter um policial.

SBT NEWS: Candidato, se essa pergunta for feita a uma mulher que já apanhou do marido, provavelmente, ela vai lhe responder que sim. Que ela gostaria que a polícia chegasse na hora que ela estivesse levando uma bofetada na cara.

MÁRCIO FRANÇA: Eu acho, mas é claro. Se ela dependesse de mim como governador, a polícia chegaria antes de ela levar a bofetada na cara. Aliás, para prender uma pessoa assim. Claro, é obrigação da polícia. Isso tem um outro nome, isso é agressão física. É lesão corporal. É violência, é feminicídio. Têm vários exemplos desse caso. Quando eu fui governador, talvez [fui] o governador que mais prestigiou a polícia. O que eu vou insistir com vocês é o seguinte: nós temos diversos profissionais, conselheiros tutelares, nós temos vários profissionais que podem auxiliar para não chegar nesse ponto. É isso que eu estou dizendo. E não é com caso de violência doméstica.
A violência doméstica que você está falando é um percentual de todas as desinteligências. Você sabe qual é a principal área de violência doméstica? É briga entre vizinhos. É o menino que chega em casa com problema de droga. Nós temos que pegar o menino que chega em casa com violência com um problema de droga, por exemplo, com bebida alcoólica, nós temos que bater no menino porque ele chegou lá desse jeito? Não precisamos fazer isso. Eu acho que é possível fazer de uma maneira correta e tentando preservar a relação familiar deles. Qual é a vantagem do Estado em fazer dessa maneira?

SBT NEWS: Ok. Candidato, a gente infelizmente chegou no limite do tempo. Eu queria que o senhor fizesse suas considerações finais.

MÁRCIO FRANÇA: Bem, eu volto a falar que a eleição em São Paulo está decidida por você. Eu tenho experiencia, meu número é 40, eu fui prefeito,
fui governador, tenho uma longa vivência pública e posso garantir para você. Se eu tiver no segundo turno, eu derroto o grupo que está no governo hoje aqui que é Doria, que quer ser candidato à presidência da República e que transformou o Bruno [Covas], que é o prefeito atual, em uma subprefeitura, que é mais um pedaço do governo de São Paulo. Se eu for o prefeito de São Paulo, isso tenho certeza de que acaba porque no segundo turno nós já ganhamos dele aqui na capital com quase 1 milhão de votos na frente, e nós vamos ganhar de novo. Eu respeito todos os candidatos e posso garantir para você que se eu for eleito, eu cumpro meus quatro anos como prefeito de São Paulo, porque eu tenho palavra e tudo o que eu combinei na minha vida eu cumpro. Porque em todos os mandatos
da minha vida, tenho muito orgulho de nunca ter sido processado criminalmente, não responder a nenhum processo criminal com tantos anos de vida. Consulta você aí. Consulta se você conhece um político como eu há tantos anos da vida pública e não responde a processo criminal. Consulta se você vê alguém que foi reeleito com 93% dos votos em um cargo de prefeito. Consulta se você tem alguém com a experiência que eu tenho. Lembra da greve dos caminhoneiros? Quando todo mundo fugiu, quando as pessoas saíram correndo e ninguém queria se colocarem na disputa, eu fui pra lá, resolvi, e a gente resolveu a greve dos caminhoneiros. Então, se você precisa de experiência, de um bom prefeito, não se enfia na sombra dos outros. São Paulo é muito grande pra poder ter um prefeito que fique
na verdade pensando em 2002 para ser presidente. A eleição agora é de prefeito. Nós queremos o melhor prefeito que São Paulo já teve e o melhor prefeito mais preparado. Aquele que sabe resolver problemas e que está disposto a assumir uma responsabilidade dessa que é São Paulo.
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