Volta do horário de verão: veja o que está em jogo; decisão deve sair nos próximos dias
Medida não é adotada no país desde 2019 e voltou a ser cogitada após a seca recorde em várias regiões; há questões políticas envolvidas
Com a seca recorde no país e a chegada de meses ainda mais quentes, o governo cogita nos próximos dias a volta do horário de verão, que não vigora desde 2019. O ministro de Minas e Energia (MME), Alexandre Silveira, chegou a afirmar que adiantar em uma hora os relógios é uma possibilidade real e elabora um estudo sobre o tema.
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O tempo seco provoca uma queda significativa nos reservatórios que são utilizados na produção de eletricidade via hidrelétricas e, com a medida, acredita-se que estaríamos aproveitando mais a luz natural que a artificial e consequentemente reduziríamos o consumo de energia elétrica no país. “[A decisão] não deve ser tomada de forma açodada [com pressa]. Se necessário, não tenham dúvida, que nós voltaremos com o horário [de verão]”, avaliou o ministro.
Sobre a questão de poupar energia porém, os especialistas não são resolutos. Para alguns, a economia não é justificada, não chegando ao 1%, uma vez que o real pico de consumo está no meio da tarde com os ar-condicionados.
Contraponto: fonte com dados do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) dizem que, apesar do pico na parte da tarde como dito, a partir das 19h também há uma forte demanda da carga. No dia 13 de setembro, por exemplo, o horário de verão faria diferença — uma vez que há uma segunda “subida na demanda” de 92.614 MWH, próximo ao pico das 15h, de 93.817 MWH. O mesmo valeria de domingo pra segunda, onde o pico realmente foi às 19h, 81.535 MWH.
Mas há outra face: cerca de metade da carga brasileira vem das usinas hidrelétricas e a volta do horário de verão, vai além da segurança energética, como dito pelo próprio ministro. “Com essa escassez hídrica no momento de pico entre 18h e 20h, quando a gente perde a energia solar e diminui a eólica, nós precisamos despachar as térmicas”, disse em entrevista à Rádio Itatiaia.
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O horário de verão foi encerrado durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), em abril de 2019. À época, a justificativa foi justamente que a economia no período não era suficiente em contrapartida aos efeitos negativos produzidos no relógio biológico da população — terem que acordar uma hora mais cedo ou terem mais dificuldade para dormir no horário correto, por exemplo.
Em outra perspectiva, Silveira avalia que a situação atual é diferente de anos atrás, porque há um caixa de R$ 9 bilhões para investir nas distribuidoras, mas que é preciso aumentar a segurança e a resiliência do sistema, além de fazer o planejamento para 2026.
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Qual o próximo passo?
Agora, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), em conjunto com outros órgãos atrelados ao MME, apresentará nos próximos dias um estudo sobre o horário de verão nas atuais circunstâncias. Cabendo apenas ao Planalto, sob comando do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a decisão.