Rui Costa diz que soberania do Brasil “não é moeda de troca” e país pode parar de comprar dos EUA
Ministro da Casa Civil afirma que Brasil está preparado para redirecionar exportações a outros mercados

Jessica Cardoso
O ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou nesta terça-feira (29) que o Brasil poderá deixar de comprar produtos dos Estados Unidos (EUA) caso a tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras entre em vigor a partir de 1º de agosto. A declaração foi feita em entrevista à rádio Serra Dourada FM, da Bahia, e reforçada em uma publicação no X.
“Se for confirmado e for implementado essas tarifas, medidas de reciprocidade serão, sim, tomadas. Já que eles não querem ter relação comercial com o Brasil, o Brasil também não precisa continuar comprando deles”, disse o ministro.
+ Gleisi diz que "soberania" do Brasil não está em discussão em possível negociação sobre tarifaço
Costa também afirmou que o Brasil segue disposto ao diálogo, mas que a soberania do país “não é moeda de troca”. Uma missão de senadores brasileiros está em Washington tentando abrir espaço para negociações, mas, segundo o ministro, o tema segue restrito na Casa Branca.
“A soberania nacional não se negocia”, disse Costa, acrescentando que o governo está tranquilo e já trabalha em medidas para proteger a economia brasileira.
Em reunião com o presidente Lula, segundo o ministro, foram discutidas ações voltadas à defesa das empresas e dos produtores nacionais, como o fortalecimento e a diversificação das relações comerciais, o adensamento da cadeia produtiva industrial e possíveis medidas de reciprocidade.
+ Brasil pede aos EUA que alimentos e Embraer fiquem fora de tarifaço
Costa afirmou ainda que o Brasil está preparado para redirecionar exportações a outros mercados, especialmente nos setores de aço e frutas.
“Vamos trabalhar firme, com o grupo dedicado a esse tema para que a gente possa redirecionar as exportações brasileiras e, se necessário, adotar as medidas de reciprocidade”, disse.
+ Mais tarifas sobre o Brasil significam desaceleração mais acentuada da atividade, diz FMI
Ele também alertou que a medida pode afetar diretamente os consumidores norte-americanos.
“Guerra comercial não é boa para ninguém. Gera prejuízo para todos, inclusive para os EUA. Eles consomem suco de laranja do Brasil. Se houver a taxação de 50%, os norte-americanos vão pagar mais caro pelo produto. Eles compram carne, café. Vai ter repercussão na inflação norte-americana também. Prejudica o povo norte-americano e a economia brasileira”, disse no X.