Preço dos combustíveis no Brasil pode subir com conflito no Oriente Médio, avalia economista
Irã alertou que lançará uma “resposta ainda mais forte” caso Israel resolva retaliar o país
O aumento da tensão no Oriente Médio pode ter consequências também no Brasil. Entre eles, o aumento do preço dos combustíveis.
Nesta terça-feira (16), o porta-voz das Forças Armadas do Irã, Abolfazl Shekarchi, alertou que lançará uma “resposta ainda mais forte” caso Israel resolva retaliar o país. A declaração do militar, divulgada pela estatal IRNA, foi dada um dia após o governo israelense afirmar que iria enviar uma resposta ao Irã nos próximos dias.
André Braz, economista e Coordenador dos Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV-Ibre), lembra que, tanto o preço do diesel quanto da gasolina, já acumulam defasagem em comparação ao preço internacional e podem sofrer novos aumentos com a escalada de um conflito no Oriente Médio.
“O conflito entre Irã e Israel coloca mais um pouco de tensão. Ontem, o preço do barril do petróleo recuou um pouco em comparação à semana passada. Mas, mesmo assim, esse conflito pode escalar e isso pode gerar uma nova tensão sobre os preços do petróleo, ampliando a defasagem em comparação ao preço internacional e forçando a Petrobras a fazer um ajuste no preço doméstico”, explicou Braz.
Preço da gasolina
Hoje, o preço médio da gasolina no Brasil é de R$ 5,78.
R$ 0,69 — impostos federais (11,9%);
R$ 0,71 — custo etanol anidro (R$ 12,3%);
R$ 0,96 — distribuição e revenda (16,6%);
R$ 1,37 — imposto estadual (23,7%);
R$ 2,05 — parcela Petrobras (35,5%).
No caso do diesel, o preço médio é de R$ 5,93.
R$ 0,32 — impostos federais (5,4%);
R$ 0,62 — biodiesel (10,5%);
R$ 0,90 — distribuição e revenda (15,2%);
R$ 1,06 — imposto estadual (17,9%);
R$ 3,02 — parcela Petrobras (50,9%) Além disso, o impacto também pode ser sentido na inflação brasileira, aponta o economista da FGV. “A gasolina compromete cerca de 5% do orçamento familiar, enquanto o diesel é algo em torno de 0,3%. Qualquer movimento no preço da gasolina impacta a inflação no curto prazo. No diesel, é mais a médio-longo prazo, a medida que aumenta os custos de prestação de serviço, que vai sendo gradualmente repassado como aumento de preço ao consumidor. A gasolina é imediata. Então, dada essa defasagem, que já se acumula, é bem provável que o preço do combustível se altere”.
Na avaliação do economista, um aumento dos preços dos combustíveis pode ser anunciado ainda em abril pela Petrobras. ”É bem provável que o aumento aconteça ainda este mês. Mesmo assim, se ele acontecer a partir de hoje, por exemplo, só metade vai ser captada em abril — isso porque já estamos no dia 16. Então, o IPCA deste mês só iria captar metade de um aumento que acontecesse a partir de hoje. A outra metade seria captada em maio”, explicou.
Na última segunda-feira (15), o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, anunciou a criação de um grupo de trabalho para acompanhar os possíveis impactos que o conflito entre Irã e Israel possam ter no mercado nacional de petróleo.