Petrobras registra prejuízo de R$ 2,6 bilhões no 2° trimestre, mas garante pagamento de dividendos
Segundo relatório financeiro, o resultado foi impactado pela alta do dólar — altamente volátil no período — e um acordo tributário com a Receita Federal
A Petrobras apontou prejuízo de R$ 2,6 bilhões no Relatório de Desempenho Financeiro do 2º trimestre (tri.) de 2024 — o primeiro desde o terceiro trimestre de 2020, no auge da pandemia de covid-19, quando reportou a investidores rombo de R$ 1,5 bilhão (nos três meses seguintes, registrou recorde no lucro líquido, R$ 59,9 bilhões). A título de comparação, no primeiro trimestre de 2024, a Petrobras registrou lucro de R$ 23,7 bilhões.
O resultado, segundo a empresa, foi impactado pela alta do dólar, altamente volátil no período, e um acordo tributário (disputa de impostos com o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, o Carf) feito com a Receita Federal no valor de R$ 19,8 bilhões.
À época, o mercado financeiro ponderou que, apesar de a Petrobras se beneficiar de descontos oferecidos pelo Carf para quitar a dívida, poderia ter que reduzir o pagamento de dividendos extraordinários — parte do lucro líquido da empresa da qual investidores se beneficiam, acima do valor mínimo obrigatório — no curto prazo.
"No segundo trimestre de 2024, o resultado financeiro associado a itens não recorrentes, principalmente os efeitos da adesão à transação tributária e do acordo de trabalho de 2023, resultaram em um prejuízo de R$ 2,6 bilhões. Excluindo os itens mencionados e a desvalorização do real em relação ao dólar, o lucro líquido teria alcançado R$ 28 bilhões", disse a petroquímica, em documento.
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A Petrobras informou que, por outro lado, teve "forte" geração de caixa, registrando um Fluxo de Caixa Operacional de R$ 47,2 bilhões, superior ao observado no primeiro trimestre do ano (R$ 46,5 bi) em 1,5%. A receita de vendas da petroleira somou R$ 122,3 bilhões no segundo trimestre, uma alta de 7,4% na comparação anual (com o mesmo período de 2023) e avanço de 3,9% frente o mesmo período imediatamente anterior.
Mesmo com resultado negativo no período, haverá distribuição de dividendos ordinários (parte do lucro líquido da empresa da qual investidores se beneficiam) no valor de R$ 13,6 bilhões, equivalentes a R$ 1,05 por ação ordinária e preferencial em circulação.
Os recursos serão pagos em duas parcelas (novembro e dezembro), com o uso de R$ 6,4 bilhões da reserva de remuneração do capital (destinada a assegurar recursos para o pagamento de dividendos, juros sobre o capital próprio, antecipações, recompras de ações autorizadas por lei, absorção de prejuízos e, como finalidade remanescente, incorporação ao capital social).
Na Petrobras, o dividendo é calculado pelo fluxo operacional menos os investimentos realizados no período.
Mas, afinal, o que é o Lucro Líquido?
É o resultado final de uma empresa após a dedução de todas as despesas, impostos, juros e outros custos operacionais, incluindo despesas não monetárias. Ele é calculado a partir das receitas totais, subtraindo todas essas despesas. O lucro líquido indica a lucratividade da empresa em um determinado período e é a métrica usada para calcular indicadores como o lucro por ação. Ele reflete o desempenho econômico, mas não necessariamente o fluxo de caixa real.
Já o Fluxo de Caixa Operacional (FCO) representa o dinheiro efetivamente gerado ou utilizado nas operações diárias da empresa durante um determinado período. Ele considera as entradas e saídas de caixa relacionadas às atividades operacionais, como vendas, pagamento a fornecedores, recebimento de contas a receber, entre outros. Mostra a capacidade da empresa de gerar caixa a partir de suas operações principais, o que é crucial para pagar despesas correntes, investir e distribuir dividendos.
O lucro líquido mede a lucratividade considerando todas as receitas e despesas, inclusive as não monetárias, enquanto o FCO mede a liquidez operacional, ou seja, o dinheiro disponível gerado ou consumido pelas operações.