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Economia

iFood vai permitir remuneração diária a entregadores e lançar bônus para quem pegar mais pedidos

Após breque, plataforma já anunciou reajuste e prevê criação de estímulos para profissionais que se dedicam exclusivamente às entregas

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Motoqueiro de entrega com uma mochila do aplicativo Ifood | Reprodução
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O iFood anunciou nesta quarta-feira (11) um novo pacote de melhorias para entregadores. A partir de julho, a plataforma vai oferecer repasse diário aos profissionais (hoje a remuneração é semanal), criar um programa de recompensas para os que pegam mais pedidos e uma nova funcionalidade para escolha de rotas com destino final, como já acontece com os motoristas de transporte de passageiros, como Uber.

“Essas iniciativas surgiram diretamente das escutas que fazemos com os entregadores desde 2021. São fóruns, grupos de trabalho e encontros em todo o país. É uma construção coletiva, e não uma reação a movimentos recentes ou pressões externas”, afirma Johnny Borges, diretor de Impacto Social do iFood.

O anúncio vem dois meses depois da paralisação dos entregadores por melhor remuneração e um mês depois do anúncio do reajuste anual para a categoria. Os valores mínimos para entregas com bicicleta foram reajustados para R$ 6,50 e, com motocicletas, para R$ 7,50.

O Sindimotos, que representa os motofretistas, reitera que as mudanças não contemplam o pleito principal da categoria, de R$ 10 de taxa mínima e R$ 2,50 por quilômetro rodado. "O iFood está aplicando essas mudanças por causa da competição das empresas que estão chegando de fora", diz Gerson Silva Cunha, vice-presidente do Sindimoto. Segundo ele, empresas como Keeta e Mutuan querem entrar no país e devem elevar as taxas, ao menos inicialmente, para conquistar entregadores e clientes.

O pacote do iFood começa a ser implementado na primeira semana de julho, inicialmente em São Paulo, com previsão de expansão gradual para outras regiões do país.

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Repasse diário sem taxas

A principal novidade é a possibilidade de receber os ganhos no mesmo dia da entrega. Atualmente, o repasse ocorre semanalmente, mas muitos entregadores relatam dificuldades em situações emergenciais, como consertos de moto ou despesas inesperadas.

“O nosso diferencial é que não haverá nenhum custo para o entregador que quiser receber por dia. Isso oferece mais liquidez e pode evitar empréstimos com juros altos ou pedidos a familiares. É um passo importante em direção à autonomia financeira”, explica Borges.

A funcionalidade estará disponível diretamente no app do entregador, que pode escolher manter pagamentos semanais ou determinar em quais dias quer receber seu saldo.

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Rotas com destino escolhido

Outra demanda antiga dos entregadores, segundo Borges, era a possibilidade de definir a direção das rotas, especialmente no fim da jornada de trabalho. A partir de julho, os parceiros poderão indicar áreas de destino preferenciais, como já acontece com motoristas da Uber, por exemplo.

Segundo o porta-voz da plataforma, nem sempre haverá uma entrega na região onde o entregador mora, mas ele já conseguirá chegar mais perto de casa. "Se ele morar no Jardim Ângela, por exemplo, pode terminar o dia no Morumbi, que tem uma grande concentração de pedidos", afirma.

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Incentivo por dedicação

O iFood também anuncia a criação de um programa de recompensa para os entregadores que se dedicam mais à plataforma. A plataforma vai considerar o número de pedidos e a avaliação do serviço prestado nos últimos três meses para definir a categoria do colaborador. Se for classificado como "super entregador", com 5 estrelas, a pessoa terá bônus por desempenho e descontos em serviço de telefonia, além de atendimento preferencial no SAC e direito a participar de sorteio de prêmios.

Segundo Borges, a plataforma tem hoje cerca de 400 mil entregadores ativos por mês – pessoas que fizeram ao menos uma entrega nos últimos 30 dias. "A maioria (cerca de 90%) utiliza o app como complemento de renda, trabalhando até 20 horas por semana. Mas também temos uma parcela menor, de aproximadamente 10%, que se dedica mais intensamente. O programa foi pensado para valorizar esses profissionais mais engajados, que ajudam a sustentar a operação", afirma. O iFood atende 120 milhões de pedidos por mês.

De acordo com dados do iFood, o ganho médio bruto por hora em 2024 foi de R$ 28. Com base nesse valor, um entregador que trabalha 3 horas por dia pode ganhar mais de R$ 2.500 por mês. Já aqueles com dedicação maior (acima de 40 horas semanais) chegam a uma média de R$ 5 mil mensais.

O Sindimotos é contrário à criação do clube de incentivo porque contraria a lei 12.426, de 2011, que proíbe práticas que incentivem o aumento da velocidade no cumprimento das atividades profissionais. "Eles promovem a gamificação para manter o trabalhador na rua, mas isso demonstra o descaso com as leis trabalhistas, com as causas sociais e com a segurança", diz Gerson Silva Cunha.

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Perfil da categoria

Um estudo recente do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) e da Amobitec (Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia) mostra que os entregadores do setor — que inclui iFood e Zé Delivery — trabalham, em média, 39 horas por mês em entregas (sem contar o tempo de espera). Metade deles (54%) afirma que os aplicativos são sua principal fonte de renda.

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