Haddad comenta dólar a R$ 6 e diz que é preciso por em xeque "profecias" do mercado
Ministro da Fazenda defendeu cortes de gastos do governo e isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil
Raphael Felice
Ao comentar a alta do dólar, que atingiu R$ 6 nesta quinta-feira (28), após governo anunciar a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e pacote de corte de gastos, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu que medidas — com economia estimada de R$ 70 bilhões entre 2025 e 2026 — serão feitas na prática
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Sobre a pressão do mercado, Haddad disse não haver uma "bala de prata" ou solução milagrosa para o déficit fiscal do Brasil. O chefe da equipe econômica do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também falou da pressão do mercado e questionou as "profecias erradas" do setor a respeito da economia nacional.
"É preciso colocar em xeque as profecias não realizadas. Crescimento de 1,5%, vai ser de crescimento de 3,5%. O mercado tem que fazer releitura do que o governo está fazendo. Tanto no crescimento e no déficit o mercado errou", disse o ministro, em entrevista coletiva na manhã de hoje para explicar medidas anunciadas na noite de ontem.
Haddad ainda se disse "satisfeito" com o resultado fiscal previsto para 2024. Para ele, não é possível resolver quase 10 anos seguidos de déficit fiscal "de um ano para o outro". Entre 2014 e 2024, as contas públicas só fecharam no azul em 2022. Na coletiva, Haddad afirmou que as soluções que o governo atual está buscando são naturais e de ajuste das contas, mas sem vender ativos do país, como as estatais.
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Outro questionamento sobre dólar
Em outra entrevista coletiva no final da manhã, desta vez ao lado do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), Haddad voltou a ser questionado sobre a alta histórica do dólar, mas não respondeu diretamente.
"Vamos ver como isso acomoda. A partir do momento em que você vai explicando [as medidas de cortes e da reforma do Imposto de Renda] e as pessoas vão entendendo [...] Havia também uma confusão muito grande em relação à reforma da renda, que eu acredito que seja o que está dando o maior ruído. Não é a questão das medidas que estão sendo apresentadas aqui. É o debate sobre a renda", disse.
"Nós sabíamos que o debate sobre a renda ia exigir um aprofundamento da questão. Mas não é uma coisa que vai ser votada este ano, nem deveria, pelo fato de ser uma matéria que tem que contar com o debate da opinião pública. O presidente [Rodrigo] Pacheco já falou o número de audiênicas públicas necessárias para debater a matéria, especialistas que vão ser chamados", completou.
"É uma matéria que nunca foi enfrentada, a rigor, conforme está sendo proposto. Então, vamos abrir um debate importante no país, sobre a questão da justiça tributária no Brasil", concluiu Haddad.