Ameaçado por tarifa dos EUA, setor de carne vê chance de novos mercados
Taxa de 50% sobre carne brasileira gera incerteza entre exportadores, mas pode baratear produto no mercado interno
Flavia Travassos
Eliete Albuquerque
A produção de carne no Brasil abastece, principalmente, o mercado interno. Apenas 22% da carne produzida no país são destinadas à exportação. O pecuarista Paulo Leonel, acredita que a tarifa de 50% anunciada pelos Estados Unidos não deve prejudicar os negócios.
"No começo era um apavoramento do setor e agora vem clareando, mostrando que o produtor está vivendo da realização do mercado interno. A demanda por carcaça, por carne, é maior do que a oferta. Mas o gado já sinalizou que vai ficar na normalidade para o produtor", afirma.
Um dos maiores frigoríficos exportadores da América Latina já avisou que o setor se prepara para buscar novas oportunidades, caso o governo americano mantenha a taxação. Paulo Leonel também acredita na abertura de novos destinos para a carne brasileira.
"Com taxação tão alta, eu acho que a solução vai ser buscar novos mercados. O mundo está aberto atrás de carne e os frigoríficos vão se movimentar para tapar esse furo americano em outros mercados. Os Estados Unidos não são um grande player do mercado. Ele é um comprador importante, mas não é o número um do jogo", disse.
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De qualquer maneira, o clima entre os exportadores é de incerteza. Como a carne pode chegar mais cara aos Estados Unidos, caso seja realmente taxada, há o risco de os americanos comprarem menos. E se as vendas caírem mesmo, poderá sobrar carne no mercado interno, o que impactaria nos preços, deixando o produto um pouco mais barato.
"Só o fato de mudar a trajetória de aumento de preço, ter um peso importante na inflação, uma pequena redução e até mesmo a estabilização desse preço já é muito benéfico. É um benefício de curto prazo que, ao final do dia, acaba beneficiando o orçamento das famílias num cenário de inflação ainda elevado", explicou o professor de economia Joelson Sampaio.