Endividamento das famílias recua pelo segundo mês consecutivo
Cartão de crédito continua como principal fonte de dívidas; percentual de inadimplentes segue estável
Camila Stucaluc
O número de brasileiros com dívidas a vencer caiu pelo segundo mês consecutivo. É o que mostra a pesquisa mensal da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), que contabilizou 78% de endividados em agosto. A taxa, segundo o levantamento, é 0,5 ponto percentual (p.p) inferior ao registrado em julho.
Apesar da redução, o número de famílias que se consideram “muito endividadas” aumentou para 16,8%. Entre as principais modalidades de dívidas, o cartão de crédito segue liderando o ranking, sendo utilizado por 85,7% do total de devedores. Em seguida, estão o carnês (15,6%), o crédito pessoal (11%) e o financiamento de casa (8,9%).
José Roberto Tadros, presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, explicou que os níveis de endividamento estão ligados ao cenário macroeconômico. O crescimento de 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo semestre, por exemplo, superou as expectativas, mas também revelou um ambiente econômico ainda desafiador.
“O alívio do endividamento é positivo, mas precisamos considerar que os juros elevados e a recuperação econômica lenta ainda geram incertezas para as famílias brasileiras. Uma possível retração no consumo pode afetar a retomada do crescimento”, disse ele.
Inadimplência segue estável
No que diz respeito à inadimplência, o percentual de famílias com dívidas em atraso se manteve estável em 28,8% pelo terceiro mês consecutivo, permanecendo ligeiramente abaixo do registrado em agosto de 2023. No entanto, o percentual de famílias que não terão condições de pagar suas dívidas atrasadas subiu para 12,1%.
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Em relação às famílias com mais da metade da renda comprometida com dívidas, o percentual atingiu 19,9%, o maior desde junho deste ano. As projeções da CNC indicam que o endividamento deve voltar a subir no último trimestre do ano, acompanhando um aumento gradativo da inadimplência, que poderá atingir 29,5% até dezembro.