Um dia após alta dos juros, Conselhão apresenta 40 propostas para reduzir custo do crédito no Brasil
Presidente da federação diz que alta da Selic não é de interesse dos bancos porque aumenta a inadimplência de famílias e empresas
Raphael Felice
O Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, mais conhecido como Conselhão, apresentou durante a reunião plenária desta quinta-feira (12) um pacote de 40 medidas que visam a reduzir os juros e o custo do crédito no Brasil.
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O Copom anunciou, nesta quarta-feira (11), um aumento de 1 ponto percentual da taxa básica de juros, a Selic, que atinge 12,25% ao ano. Alguns pontos da proposta foram apresentados durante a reunião do Conselhão pelo presidente da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), Isaac Sidney, que é membro do colegiado e participou do grupo de trabalho que debateu essas propostas.
Ele afirmou que o grupo é plural – reúne representantes da indústria financeira, da indústria bancária, da Confederação Nacional da Indústria (CNI, além de centrais sindicais e trabalhadores – mas está focado em alguns eixos. "Inadimplência, custos associados à inadimplência, prevenção e combate a fraude, instrumentos inovadores e de crédito para micro, pequenas e médias empresas, acesso a dados e plataformas digitais, custos administrativos, custos financeiros, custos tributários e maior competitividade da indústria financeira", enumera Sidney.
O ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou que, com as propostas apresentadas, os juros no país vão diminuir.
"Diziam que era impossível reduzir o custo dos juros e o Conselhão está apresentando aqui 40 propostas consensuais ao nosso vice-presidente Alckmin, ao nosso ministro Fernando Haddad. [...] Vai reduzir o custo do crédito no Brasil, gente!", comemorou o ministro.
As 40 propostas fazem parte de uma primeira fase do grupo de trabalho, comandado pelo Ministério da Fazenda, com objetivo de reunir propostas para a redução dos juros. Agora, o grupo tem até março para amadurecer as propostas e apresentá-las em curto e médio prazos.
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Isaac rebateu críticas sobre o alto patamar dos juros e do spread bancário – diferença entre a taxa de juros cobrada pelos bancos e o retorno pago aos depositantes – no Brasil. Segundo ele, é mais importante debater os motivos que levaram ao encarecimento do crédito, em vez de reclamar dos resultados do Copom.
"Quero dizer que muitos criticam, com razão e me incluo, o alto patamar dos juros e do spread bancário no Brasil, mas a questão crucial não é se temos juros altos, mas sim por que chegamos a esse nível e o que precisamos fazer para que os patamares dos spread e dos juros possam efetivamente baixar", disse.
Sidney ainda afirmou que não é de interesse dos bancos que os juros permaneçam altos no Brasil, pois, quanto mais altas são as taxas, maiores são as chances de inadimplência e endividamentos de famílias e empresas.