Até o fim do século, envelhecimento da população pode pressionar INSS a déficit de 11% do PIB
Envelhecimento acelerado e redução da força de trabalho podem levar Previdência a déficit recorde ainda neste século

Ellen Travassos
O governo prevê que o déficit do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), hoje em 2,58% do Produto Interno Bruto (PIB), pode quadruplicar e chegar a 11,59% do PIB, somando R$ 30,88 trilhões, até o fim do século. Os dados estão no projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2026, enviado ao Congresso em abril.
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Com menos jovens trabalhando e mais idosos recebendo aposentadorias, a Previdência Social – que depende dos trabalhadores ativos para pagar os benefícios – terá cada vez mais dificuldade para se equilibrar nos próximos anos.
No sistema brasileiro da Previdência, o dinheiro que os trabalhadores ativos pagam hoje é usado imediatamente para custear as aposentadorias e pensões atuais — ou seja, não fica guardado para o futuro de cada contribuinte.
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O desequilíbrio tende a se intensificar nas próximas décadas, com uma base de contribuintes menor bancando um número cada vez maior de beneficiários, o que elevará progressivamente o déficit previdenciário.
De acordo com as projeções do PLDO, o percentual da população idosa, com idade igual ou superior a 60 anos, deverá aumentar de 13,8% no ano de 2019 para 32,2% em 2060. E a evolução da parcela da população com idade entre 16 e 59 anos, deverá cair de 62,8% em 2010 para 52,1% da população total em 2060.

Reforma de 2019
Estudos apontam que o Brasil precisará de uma nova reforma da Previdência no futuro. Apesar das mudanças implementadas em 2019 - que incluíram critérios mais rigorosos para idade mínima e tempo de contribuição -, o déficit do sistema previdenciário seguirá em trajetória de crescimento.
Outro fator de pressão são as despesas com ações judiciais relacionadas a benefícios como aposentadorias especiais e auxílios por acidente, que atualmente ultrapassam R$ 27 bilhões anuais em pagamentos determinados pela Justiça.