Alta dos juros faz crescer procura por consórcios para compra de carros e imóveis
Com a Selic em 14,75%, consumidores buscam no consórcio uma alternativa mais barata ao financiamento
SBT Brasil
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta semana que a taxa básica de juros, a Selic, deve permanecer alta por um período "bastante prolongado". Com isso, muitos consumidores estão recorrendo a uma alternativa para adquirir bens como imóveis e veículos: o consórcio.
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Com a chave do carro na mão, a pedagoga Viviane comemora. Ela conseguiu realizar o sonho de ter um carro automático por meio de um consórcio, após cinco meses de espera. “Deu certo porque o valor da prestação cabia no nosso bolso e a questão dos juros era menor”, contou Viviane Basilio.
No consórcio, um grupo de pessoas se une para comprar bens como carros, imóveis ou até viagens. Cada participante paga parcelas mensais. Ao longo do tempo, os cotistas são contemplados, seja por sorteio ou lance, e recebem uma carta de crédito para adquirir o bem desejado.
Crescimento
O setor de consórcios vive o maior volume de adesões dos últimos 20 anos. Somente no primeiro trimestre de 2025, foram comercializadas mais de 1,2 milhão de cotas, um crescimento de 26% em relação ao mesmo período do ano passado.
“A nossa empresa cresceu 82% este ano. O consórcio é a alternativa mais barata para se ter um bem e um serviço. Lógico que precisa ter planejamento”, explicou Tatiana Schuchovsky Reichmann, CEO da Ademicon.
Uma simulação feita para a compra de um carro de R$ 80 mil, com 30% de entrada (R$ 24 mil) e pagamento em cinco anos (60 meses), mostra bem a diferença entre financiamento e consórcio.
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Consórcio x financiamento
No financiamento, o comprador termina pagando mais que o próprio valor do veículo. Somente de juros, são mais de R$ 37 mil, com parcelas de R$ 1.551,25 e um total de R$ 93.075 pagos ao final. A taxa média anual é de 24,8%, segundo o Banco Central.
Já no consórcio, que cobra uma taxa administrativa e correção pela inflação, o valor total pago é R$ 68.212,20 — quase R$ 25 mil mais barato. As parcelas são de R$ 1.136,87, com uma taxa média anual de 3,5% mais IPCA.
A Selic está atualmente em 14,75%, o maior patamar desde 2006. Isso faz com que financiar qualquer bem fique muito mais caro. Para quem não tem o valor total para a compra de uma casa ou veículo, o consórcio se torna uma alternativa. No entanto, é fundamental ter planejamento e paciência.
O professor de economia da FGV, Joelson Sampaio, explica que o consórcio é vantajoso para quem não tem urgência na aquisição. “Ele tem uma característica diferente de um financiamento, porque, em tese, você não paga juros sobre o capital, mas há alguns custos envolvidos. Num cenário de juros altos, é sempre bom analisar e comparar”, orienta.
Ele também lembra que, se a pessoa tiver capital, pode aumentar as chances de ser contemplada ao oferecer lances. É importante considerar as taxas administrativas e o risco de inadimplência entre os participantes do grupo.