Indústria brasileira precisa de R$ 40 bi para descarbonizar a produção até 2050
Valor elevado tem relação com os impostos. Além disso, neutralização das emissões dependeria do mercado de carbono
A transição do setor indutrial para uma economia de baixo carbono, no Brasil, tem aquela mesma dificuldade sempre indicada pelo setor: o Custo Brasil. Por conta dos altos impostos, serão necessários R$ 40 milhões até 2050.
O valor surgiu depois de uma revisão nos estudos feitos nos últimos anos e de consultas a especialistas de cada segmento. Alguns deles não consideraram gastos indiretos para impulsionar a oferta de energia renovável. Tanto nas instalações físicas, quanto na logística para portos e aeroportos, por exemplo. Ou seja, o valor pode ser ainda maior, conforme a Confederação Nacional da Indústria (CNI), que desenvolveu o estudo "Oportunidades e riscos da descarbonização da indústria brasileira -- roteiro para uma estratégia nacional". O documento foi distribuído, nesta 4ª feira (04.dez) na 28ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP28), que acontece em Dubai, nos Emirados Árabes.
"São necessárias condições econômicas e políticas claras e estáveis para que possamos atrair investimentos e impulsionar inovação em tecnologias", alerta o presidente da CNI, Ricardo Alban.
Entre as condições, a CNI destaca a estruturação do mercado de carbono. É quando uma empresa não consegue mitigar suas emissões e precisa comprar créditos daquelas que, além de diminuir, capturam os gases de efeito estufa. Seria o único modo do setor contribuir para a neutralização dos GEEs, prometida pelo Brasil para até 2050.
Para chegar nesse resultado, o estudo simulou três cenários. A primeira é como está, sem uma taxação sobre os GEEs emitido pelas empresas nem um mercado de carbono. A segunda adota a precificação do CO². A terceira leva em consideração o mercado de carbono.
Confira os resultados para cada cenário:
- Cenário 1: as emissões chegam a 1,2Gt CO² e o país não alcança a neutralidade climática.
- Cenário 2: as emissões chegariam a 1,0Gt CO² em 2030 e seriam neutras em 2050. Porém, a taxa de carbono do Brasil teria que ser maior que a referência mundial, que é europeia.
- Cenário 3: além de atingir a NDC em 2025 e 2030, e a neutralidade climática em 2050, há a projeção de crescimento do PIB em relação ao cenário 1, chegando a R$ 9,66 trilhões em 2030 (+1%) e R$ 14,13 trilhões em 2050 (+1,8%).
"Uma política de precificação de carbono adequada ao país, que use as receitas para reduzir distorções da economia brasileira e incentive a criação de empregos parece estar entre as melhores alternativas para o Brasil cumprir o Acordo de Paris, sem prejuízo ao crescimento econômico e social", explica o diretor de Relações Institucionais da CNI, Roberto Muniz.
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