Brasil é o primeiro país a adotar novo modelo de relatório ESG
Diretrizes foram atualizadas pelo ISSB, órgão de relevância mundial sobre sustentabilidade
Pablo Valler
Vinte anos recebendo reclamações sobre greenwashing, socialwashing e outros exageros propositais de impacto positivo que não se concretizaram. Um ano de pesquisas e experimentos. Até que, no dia 1º de novembro, a organização mundial que dita as regras de relatos de sustentabilidade lança um novo conjunto de diretrizes. O International Sustainability Standards Board (ISSB) separou as informações em duas vertentes. A primeira é a chamada S1 e requer dados gerais de sustentabilidade. A segunda, S2, trata das informações diretamente relacionadas ao clima.
Ambas precisam detalhar quatro questões:
- Governança: mostrar como está a atribuição de responsabilidades socioambientais.
- Gestão de riscos: explicar os processos empregados para identificar, avaliar e gerenciar.
- Estratégia: que traz os tópicos anteriores com descrição das oportunidades.
- Metas e métricas: apresentar números.
"Existe uma pressão muito forte do mercado financeiro por avaliar como as empresas estão desempenhando a agenda de ESG ou sustentabilidade. Então, pra fazer isso, precisa de transparência, ela precisa de informação, precisa dos relatórios de sustentabilidade e outros reports específicos para poder avaliar, comparar. Agora, tudo pode ficar mais claro pela objetividade", avalia o especialista com 20 anos de experiência Lauro Marins, gerente de estratégia ESG da Way Carbon.
O Brasil foi o primeiro país do mundo a adotar as mudanças. As diretrizes já foram incluídas no Plano de Transição Ecológica do Ministério da Fazenda. Elas devem ser implementadas a partir do ano que vem com informações desse ano. Mas, é a partir de 2027 que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) passa a cobrar o modelo atualizado. As marcas mais engajadas já se adaptaram, caso das Lojas Renner: "A gente vem adaptando há algum tempo. Quando a gente fala que os S1 e S2 incorporam os tipos de relatórios mais importantes, a gente entende que tem uma agregação de valor grande porque conseguem criar uma sinergia, um entendimento mais objetivo de quais sao os riscos que estão mapeados de forma material dentro da empresa. É um trabalho de aglutinação de informações financeiras que, inclusive, exige mais competências dentro da empresa", conta o diretor de sustentabilidade das Lojas Renner, Eduar Möller e Feralto.
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