"Bioeconomia será a maior riqueza do país, se tiver investimento", alerta pesquisadora
Hoje em dia, os negócios baseados na natureza já são 26% do PIB, ou R$ 2,5 trilhões
Pablo Valler
Quanto tempo para a bioeconomia ser a maior geradora de riqueza do país? Depende dos investimentos públicos. O incentivo dos governos, principalmente o federal, é o que vai definir a velocidade dessa transição. Especialistas no assunto dizem que quanto mais rápido, melhor. Ser um pioneiro de mercado tem suas vantagens. Melhor ainda quando o esforço pode ser menor do que o desempenhado pelos concorrentes. Porque o Brasil tem potencial, com matéria-prima abundante, e não pode deixar passar mais essa oportunidade. É o que aposta o Observatório de Conhecimento e Inovação em Bioeconomia. A pesquisadora Talita Priscila Pinto conta que "hoje, o PIB tem 26% de valor gerado pela bioeconomia, em torno de R$ 2,5 trilhões. Provavelmente, em um futuro próximo, a participação vai se inverter, ser bem maior".
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Para isso são necessários não só investimentos, mas leis. A bioeconomia está, por exemplo, no agronegócio. Só que até mesmo esse setor ainda não usa todo o potencial que tem. "Nós temos que encaixar uma outra parte que é muito importante nessa conta, que são os estoques. De recursos naturais e ambientais. Pra gente conseguir mensurar de forma completa qual é esse valor. A gente tem que entender o valor dos serviços ecossistêmicos. Qual o valor de uma floresta em pé, que vai regular o microclima de uma região?". Talita chama atenção para quanto o país pode ganhar e quanto os cidadãos também. "Produtores rurais que preservam e até tem custo para essa preservação, precisam ser remunerados ou incentivados de alguma forma por prestar esse serviço pra Terra".
Há outros exemplos, alguns até mais práticos, pois já tem tecnologia difundida e infraestrutura pronta para comercialização e logística, é o caso dos biocombustíveis. Também há situações hipotéticas, mas com grandes potenciais, como os bioativos existentes nos rios e florestas. São plantas e microorganismos pouco conhecidos pela ciência. Porém, com funções cosméticas e medicinais que podem lançar mercados milionários. Todas essas possibilidades e a forma que devem incluídas na conta do PIB, estão em um projeto encaminhado ao Congresso Nacional e ao Palácio do Planalto:
"A gente precisa de uma estrutura bastante robusta. Parte do desafio já começou a ser superado porque pra gente contabilizar essa segunda parte do quebra-cabeça para se unir ao PIB, a gente precisa desenvolver o que a gente chama de conta satélite. Tem exatamente essa função, pegar as contas nacionais, que representam o PIB, e acoplar variáveis físicas. Que é isso, o valor de uma floresta em pé, os bioativos. Essas contas satélites são uma Mmetodologia difundida internacionalmente. Muito países do mundo já começaram a construir sua conta satélite. O Brasil não está atrás. O IBGE já tem contas satélite de água e de energia. já começaram a levantar as informações. O que a gente precisa fazer agora é avançar nessa atividade".
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