Para voltar ao nível de 1970, indústria teria que investir 4,6% do PIB
Fiesp diz que compras de máquinas, equipamentos e edificações atingiu o menor valor dos últimos 20 anos
Guto Abranches
Investimentos da indústria de transformação teriam de ser de R$ 456 bilhões por ano para recuperar os níveis de atividade de 1970. O montante foi calculado pela primeira vez pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). O estudo correspondente foi divulgado nesta 2ª(2.oct).
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Na ponta do lápis, o acréscimo no investimento teria de ser da ordem de 77%, em cálculo livre. O valor equivale a 4,6% do Produto Interno Bruto (PIB) e deveria ser aplicado por um período entre sete e dez anos com este objetivo. A realidade, porém, tem ido no sentido contrário. A parcela do PIB do setor destinada ao aumento da capacidade produtiva vem sendo reduzida ao longo dos anos e, agora, sequer cobre a depreciação dos ativos. Levantamento da Fiesp mostra que os investimentos atuais estão em cerca de 2,6% do PIB ao ano, quando seria necessário, pelo menos, um nível de 2,7% ao ano apenas para cobrir os gastos com depreciação.
Futuro do passado
Para retomar o patamar dos anos 1970, quando a produtividade nacional era equivalente a 55% da americana (valor de referência para a economia brasileira), o país precisaria investir no setor em torno de 4,6% do PIB anualmente, por um período entre sete e dez anos. Ou seja, R$ 456 bilhões por ano para suprir os gargalos do complexo industrial e retomar a produtividade perdida, que hoje é de cerca de 20% da americana. A base para a pesquisa são os dados da Pesquisa Industrial Anual (PIA) do IBGE. As compras de máquinas, equipamentos, terrenos e edificações, em 2021, atingiram o menor montante dos últimos 20 anos.
Outro recorte mostra que os investimentos da indústria de transformação estão encolhendo em relação ao total investido na economia brasileira. Ao longo da primeira década dos anos 2000, representavam 20,9% do total dos investimentos do país. Em 2021, essa participação tinha caído para 12,9%. E os investimentos estão cada vez mais concentrados em produtos derivados do petróleo e biocombustíveis. O segmento que representava 9% do total de investimentos em 2000, é agora de cerca de 1/3 dos aportes.
"Ficar muito vinculado a setores cuja dinâmica de investimento está associada ao comportamento do preço internacional cria uma dependência extrema na estrutura produtiva que afeta, inclusive, excessivamente as receitas, dependendo do ciclo econômico. Desta forma, o baixo investimento no setor gera atraso tecnológico, perda de produtividade e de competitividade." - Igor Rocha, economista-chefe da Fiesp
A Fiesp avalia ainda que para recolocar a indústria como motor de recuperação dos investimentos da economia brasileira, é preciso avançar com as reformas que beneficiem o ambiente de negócios, sobretudo a reforma tributária, melhorar as condições de financiamento e obtenção de crédito, além de capacitar a força de trabalho.
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