Banco Central é parceiro do governo, diz Campos Neto
Presidente do BC participou de audiência pública na Câmara dos Deputados
Guilherme Resck
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta 4ª feira (27.set) que a entidade é parceira do Governo Federal. A declaração foi dada durante participação em audiência pública da Comissão de Finanças e Tributação, da Câmara dos Deputados.
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"A gente tem tentado trabalhar para melhorar a situação do governo. O Banco Central é parceiro", pontou. Ainda de acordo com ele, o BC "é parte de um todo". "A gente tem que trabalhar em conjunto. O Banco Central não é oposição. Ele não nem um partido nem outro partido, é um órgão técnico, e a gente quer trabalhar para melhorar a situação Brasil e dos brasileiros".
Também na audiência, Campos Neto defendeu a taxação dos super-ricos: "Sobre a arrecadação dos super-ricos, sou a favor. Sou a favor de arrecadação do fundo exclusivo, sou a favor da arrecadação do offshore. Aliás, diga-se de passagem, no governo anterior tinha um projeto de offshore que a gente quis fazer e acho que o relator era o deputado Celso Sabino, que a gente queria fazer a taxação das offshores, e eu achava que a alíquota para a taxação precisava ser mais alta".
Além disso, ele afirmou ser importante o Governo Federal persistir na meta fiscal. "Aqui [num gráfico] a gente vê uma diferença entre as bolinhas vermelhas e as barrinhas laranjas, que é entre a meta do governo e o que o mercado acha que o governo vai fazer de fiscal. Eu acho que de certa forma isso mostra que hoje o importante é persistir na meta, é o que a gente tem dito, o que foi delineado na comunicação oficial, e a razão pela qual existe um questionamento é porque você precisa de receitas adicionais bastante grandes para cumprir esse número", disse.
"Mas eu acho que é importante aqui, apesar de todo mundo entender a dificuldade de atingir a meta e de ser muito difícil cortar gastos, não só agora nesse governo, mas estruturalmente tem sido difícil cortar gastos, é importante persistir. Então aqui a nossa mensagem é de persistência".
Ele prosseguiu: "Acho que está bem alinhado com que o ministro [Fernando] Haddad tem dito, a gente acha que esse é um caminho bem promissor, e mesmo que a meta não seja cumprida exatamente, eu acho que o que os agentes econômicos vão ver é qual foi o esforço que teve na direção de cumprir a meta".
Juros
Outro tema abordado por Campos Neto na audiência foram os juros no Brasil. "O gráfico da direita, o que ele diz? Qual é o juros real do Brasil ex-ante, e a diferença entre o Brasil e a média de outros países. Então entre 2014 e 2019, o Brasil era 3,6% acima da média. Entre 2021 e 2023, era 2,9%. Quando a gente olha o último dado na ponta em agosto de 2023, a taxa de juros real do Brasil comparado com um grupo países semelhantes está 1,4%. Então a taxa de juros real do Brasil é alta? Sim. É uma das mais altas do mundo? Sim. Mas essa diferença tem diminuído".
Segundo ele, "é importante a gente entender que esse é um processo que já vem de algum tempo". "E se a gente conseguir, vamos dizer assim, concretizar esse processo de reformas, a gente tem tudo para trabalhar com o juros real mais baixo e com um crescimento estrutural mais alto".
Posteriormente, Campos Neto ressaltou que, na eleição de 2022, "o Banco Central fez a maior subida de juros da história do Brasil e da história do mundo emergente, mostrando a atuação de forma independente, autônoma". "E graças a essa subida de juros a gente consegue ter uma inflação muito mais estável, com uma situação em que a gente consiga cair os juros na frente de outros países, e com um custo para a sociedade do processo desinflacionário mais baixo".