Banco Central deve regulamentar Pix parcelado nos próximos meses
Modalidade de pagamento já é utilizada em diversos negócios; especialistas alertam para o juros

Soane Guerreiro
O Banco Central deve regulamentar, nos próximos meses, o pagamento parcelado de compras pelo Pix, que já é uma realidade em vários negócios, mas é preciso ter cuidado com os juros.
Em uma clínica de estética visitada pela reportagem, em Brasília, a massoterapeuta Thaís Turatti oferece a opção de pagamento parcelado pelo Pix há cinco meses: "eu vi que eu poderia alcançar mais pessoas, porque às vezes o cartão de crédito fica com limite baixo e a pessoa não consegue se cuidar".
A opção também é vantajosa para a Thais, já que ela não precisa pagar nenhuma taxa, diferente de quando usa a maquininha de cartão, porém. como o Pix parcelado ainda não foi regulamentado pelo Banco Central, são as instituições financeiras que definem as condições para ofertar o serviço ao cliente.
A microempreendedora, por exemplo, não recebe o pagamento de uma vez, e sim, em parcelas, mas vários bancos pagam ao lojista o valor completo.
O diretor-executivo da Associação Brasileira de Fintechs, Marcelo Martins, explica que o Pix parcelado pode ser comparado a um empréstimo pessoal -- e, por isso, prevê o pagamento de juros. Para ele, as empresas estão antecipando um movimento pela necessidade do mercado.
"Quando você vai fazer um Pix parcelado por trás dos panos é um crédito pessoal, então ele está aplicando um juros. É diferente do cartão de crédito. Se a gente pagar a fatura em dia a gente não vai pagar juros nenhum. Se a gente atrasar a fatura ou deixar para outros meses, aí, sim, a gente vai pagar juros", diz Marcelo.
Para Renan Silva, professor de economia do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais, para não se tornar mais um gerador de dívidas, a modalidade só deve ser usada em situações excepcionais: "problema de saúde, uma coisa emergencial, remédio é emergencial, quando você precisa fazer um pagamento à vista, pessoas que até já não tem mais espaço no cartão de crédito, no cheque especial. É um socorro, mas eu penso que tem que ser de uma forma bem comedida nessas situações emergenciais, mas fora isso, deve ser evitar, senão você faz um Pix direto, é melhor, não tem custo né".