Maioria dos micro e pequenos empresários da indústria critica juros
Nível de satisfação cai a 93 pontos em escala que vai até 200; cenário macro é ruim ou péssimo para 48%
Guto Abranches
A satisfação do empresário da micro e pequena indústria no estado de São Paulo atingiu em maio o menor nível da série histórica. Pesquisa do Sindicato das Micro e Pequenas Indústrias (Simpi) do estado, divulgada nesta 2ª (26.jun), revela que o Índice de Satisfação Macroeconômica das Micro e Pequenas Indústrias (MPIs) passou de 103 para 93 pontos (em uma escala de 200). A análise considera o período abril/maio de 2023, em comparação com o mesmo intervalo do ano passado.
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A queda no índice foi puxada, principalmente, pela avaliação negativa da situação econômica do país: 48% dos dirigentes consideram o cenário "Ruim/Péssimo" e somente 14% acham que está "Boa/Ótima". No bimestre anterior, o percentual foi de 37 e 13, respectivamente. Mas, quando perguntados sobre a expectativa para os próximos meses, 32% esperam melhora na economia do país, mesmo índice dos que estão pessimistas.
Taxa de juros
Um dos fatores que pesaram sobre as respostas dos industriais foi a taxa de juros. Entre fevereiro/março e abril/maio, cresceu de 52% para 66% o índice de empresas em que os empreendedores afirmam estar sendo muito prejudicadas pelas taxas de juros no Brasil; pra piorar, eles afirmam que quase a metade das companhias não têm capital de giro suficiente. Hoje, a Selic está em 13,75% ao ano. "É inevitável que a taxa de juros necessite ser mais baixa. Quanto mais a Selic sobe, menor será o consumo das pessoas, com uma tendência na queda da inflação. Por outro lado, quando ela cai, há um estímulo e aquecimento do mercado", comenta Joseph Couri, presidente do Sindicato da Micro e Pequena Indústria (SIMPI).
Tábua de salvação
Diante deste cenário, aumentou o índice de consultas a crédito e financiamento. O indicador é o maior do ano até agora: passou de 11% para 17%, entre fevereiro/março e abril/maio deste ano. A taxa de aprovação ficou em 44%, e 46% dos pedidos foram reprovados. Outras dificuldades observadas para conseguir um empréstimo foram: falta de linhas de crédito adequadas ao tamanho do negócio, restrições por causa de outras dívidas, garantias exigidas por bancos ou instituições e prazo para pagamento.
"O empresário está numa busca contínua para manter seu negócio de pé, mas o que se observa, principalmente, é o poder de compra da sociedade reduzido. Isso afeta diretamente a economia do país e provoca um sentimento de pessimismo entre os dirigentes, já que há um consumo menor no mercado" - Joseph Couri, Simpi
A pesquisa Indicador de Atividade da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo, realizada pelo Datafolha, a pedido do Simpi, ouviu 712 empresários,entre os dias 09 e 29 de maio.
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