O mundo quer hidrogênio verde e o Brasil tem o maior potencial de produção
Com a mais limpa matriz energética, país pode gerar trilhões de reais ao ano. Confira no Foco ESG
Pablo Valler
Quase um herói. Um astro quando o tema é a sustentabilidade do planeta. Não, não estamos falando de alguém. Mas, sim, de algo. Uma coisa que nem dá para pegar com as mãos. Porém, vale muito. Todos os países gostariam de ter esse produto. Entretanto, o Brasil é que tem mais potencial para produzir. Porque aqui se tem o insumo necessário para transformá-lo, a energia limpa. Aquela que vem das usinas hidrelétricas, de placas fotovoltaicas e eólicas é ideal para gerar a eletrólise na água sem emitir gases de efeito estufa. Assim, em vez de se fazer só hidrogênio, se faz o hidrogênio verde.
"O hidrogênio sempre existiu. O que mudou foi a forma de fazer. Com a energia limpa, que o Brasil tem de sobra", analisa Frederico Freitas, secretário de hidrogênio verde do Instituto Nacional de Energia Limpa (Inel). De fato, o Brasil tem a mais eficiente geração de energia, cerca de 85% é limpa. Esse diferencial já faz o Brasil ter, inclusive, um produto competitivo. Enquanto a Europa vende o quilo do hidrogênio verde por 6 euros, o Brasil consegue comercializar por 2.
Mas, por enquanto, 0,36 Mt (milhão de tonelada) é produzida por ano no Brasil. Em 2030, a expectativa é que sejam 7,9 Mt. Um grande avanço. Porém, é possível mais, porque a demanda é grande. Só as indústrias químicas e as refinarias requerem 75 Mt para transformar suas produções em sustentáveis nesse quesito. Só que o Brasil precisa de investimento. Em torno de R$ 1 trilhão.
Para isso, os governos trabalham para, enfim, abrir esse mercado para o mundo. É preciso regular essa novidade. "É fundamental esse arcabouço legal e regulatório. Nós já identificamos oportunidades de melhoria e vamos contribuir com nessa discussão com o Congresso Nacional e os demais atores. Nosso próximo passo é um plano trienal de investimentos e possibilidades de ofertas para dar confiança ao mercado", explica Thiago Barral, secretário de Transição Energética do Ministério de Minas de Energia do Governo Federal. O projeto de lei espera por votação na Câmara e no Congresso.
De olho nesse mercado, estados do nordeste e o Rio Grande do Sul já criaram canários favoráveis para produção da energia limpa e para as novas indústrias de hidrogênio verde se instalarem, gerando lucro tanto às próprias companhias quanto aos governos. São Paulo é o próximo estado a lançar o projeto, como conta a diretora da InvestSP, Marília Garcez: "Estamos analisando como gerar mais energia limpa, quais localidades, inclusive para instalar as indústrias de hidrogênio nas proximidades. Também a logística e para onde poderíamos vender".
Mas, afinal, o que dá para fazer com o hidrogênio verde
Abastecer veículos adaptados a combustíveis sintéticos é só uma das finalidades do hidrogênio verde. Ainda pode substituir a amônia e também transformar os fertilizantes em produtos menos nocivos ao meio ambiente. Há mais possibilidades ainda na indústria de alimentos, como no processamento do óleo para gerar gordura hidrogenada. Também na metalúrgica, como redutor de agentes metálicos. O hidrogênio é usado em diversos setores, justamente por ser o elemento químico mais abundante. Logo, logo também será o mais limpo. Portanto, ideal no processo de descarbonização do planeta.
O Foco ESG vai ao ar toda 4ª feira, às 11h, no canal do SBT News no YouTube, no SBT Vídeos e nas plataformas de áudio. Assista ao 15º episódio na íntegra:
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