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Economia

Juros do crédito rotativo do cartão chegam a 411% ao ano, diz BC

Em janeiro, a taxa de juros cobrada no cheque especial pelos bancos caiu 0,1 ponto percentual

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Dinheiro ao lado de calculadora (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
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A permanência em patamar elevado da Selic, a taxa referencial de juros da economia brasileira, hoje em 13,75% ao ano, tem refletido no custo para o crédito cobrado pelas instituições financeiras. Levantamento divulgado pelo Banco Central (BCB) nesta segunda-feira (27.fev), aponta alta de 8,2 pontos percentuais em média na concessão de crédito livre nos últimos 12 meses terminados em janeiro: a elevação puxou para 43,5% o juro médio cobrado ao consumidor que toma empréstimos ou financia compras e serviços naquele mês.

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No primeiro mês do ano, o aumento foi de 1,8 pp, de acordo com as Estatísticas Monetárias e de Crédito do BCB. Para as empresas, a taxa ficou em média em 25,3% a.a. com alta de 2,2 pp no mês e 4,0 pp em 12 meses. Já as famílias pagaram taxa média de 56,6% aa nas solicitações de crédito/financiamento, o que representa alta de 1,2 pp em janeiro e de 10,3 pp em 12 meses.

Crédito dirigido

Quando se observa o chamado crédito direcionado, que de forma geral é destinado aos setores habitacional, rural, infraestrutura e microcrédito, as margens foram um pouco menores. Pessoas físicas tomaram crédito médio de 11,4% aa em janeiro, estável em relação ao mês anterior e com alta de 2,1% sobre os últimos doze meses. As empresas assumiram financiamentos a uma taxa média de 13,5% aa, ou alta de 1,5 pp no mês e de 2,5 pp em doze meses. Resultado: a taxa média nesta retranca de concessão de crédito ficou em 11,9% aa. 

Cartões de juros

Em que pese o fato de os juros brasileiros estarem sob uma saraivada de críticas nos últimos meses - inclusive com posicionamentos agudos do presidente da República, Luis Inácio Lula da Silva (PT) contra a condução da política monetária pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto - os 13,75% aa em que se situa a taxa referencial Selic desde agosto do ano passado, ficam claramente para trás na comparação com as margens efetivamente operadas pelas instituições financeiras na hora de atender às solicitações de pessoas físicas e jurídicas: quando a avaliação é sobre os cartões de crédito e limites de cheque especial, produtos cuja margem de ganho sobre o custo do "dinheiro" é arbitrado diretamente por estas instituições, os juros ganham ares estratosféricos. Veja abaixo.

Os juros pessoa física no cartão bateram 94,9 aa em janeiro; alta de 2 pp em janeiro e de 27,3 em 12 meses. Nos juros do crédito rotativo, aquele que o consumidor assume ao não pagar o valor total da fatura do cartão, a taxa bateu 411,5% aa em janeiro. Equivale a dizer que uma dívida de R$ 100 no início do ano pode chegar a R$ 500 aproximadamente ao final do ano.

No cheque especial, associado aos cartões de débito nas contas correntes, a taxa em janeiro foi aos 132% aa. Para o crédito consignado, a taxa média é de 26,7%. Para comparar, o crédito pessoal não consignado cobrou 84,3% aa em janeiro. 

Questão de trilhão 

Os juros mais elevados obrigaram a uma redução de 0,3% nos pedidos de empréstimos em janeiro versus dezembro. Ainda assim, o estoque de créditos concedidos bateu em R$ 5,317 trilhões; R$ 2,094 trilhões para pessoas jurídicas e R$ 3,223 trilhões para pessoas físicas. Entre os tomadores de crédito/empréstimo o endividamento das pessoas físicas via crédito livre é de 6,1%; no caso das PJs 2,3%.

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