79,2% dos consumidores inadimplentes ganham até três salários, diz CNC
A parcela de consumidores que não pagam as dívidas há mais de 90 dias é a maior desde abril de 2020: 44,5%
Em janeiro 79,2% das famílias brasileiras que ganham até três salários mínimos tinham alguma dívida em aberto. Esta proporção é maior até do que o índice geral, apurado pela Confederação Nacional do Comércio (CNC): entre os grupos de todas as faixas de renda, 78% das famílias tem compromissos sem quitação, número igual ao de dezembro. Na comparação com janeiro de 2022, o número de famílias de menor renda endividadas subiu 2,7 pontos percentuais. Entre as de maior renda, acima de dez salários mínimos, a expansão foi ainda maior: 3,2 pp.
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Mas o nível geral de endividamento vem perdendo fôlego desde novembro, de acordo com a economista responsável pela pesquisa da CNC, Izis Ferreira. No cômputo geral, a proporção de famílias com dívidas avançou 1,9 pp sobre janeiro do ano passado. A taxa anual está em desaceleração desde meados do ano passado. "O cenário econômico como um todo, incluindo o desempenho positivo do mercado de trabalho, as políticas de transferência de renda e a inflação mais moderada são fatores que explicam o freio no endividamento, nos últimos meses", explica ela. "Na prática, essas três condições ampliaram a renda disponível", avalia a economista.
Na faixa de renda de até três salários, cerca de 40% (38,7%) das famílias atrasaram dívidas no mês passado, o que representa um aumento de 5,7 pontos percentuais em relação ao mesmo período 2022. A CNC avalia que esta é a faixa de renda que puxa o indicador geral, que ficou em 29,9% em janeiro - queda de 0,1 pp quando comparado a dezembro/22.
"Apesar de ainda alto, o indicador de dívidas atrasadas caiu pela primeira vez após seis altas seguidas, o que mostra um esforço do consumidor para pagar em dia, no contexto de juros elevados" - Izis Ferreira, CNC
Entre os que ganham de três a cinco salários, 27,2% estavam inadimplentes; quem ganha de cinco a dez salários teve 20,4% de endividados e quem tem renda superior a dez salários assistiu a 13,5% se endividarem.
A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) tem agora nova configuração para aprofundar a relação entre endividamento/inadimplência com classificação por faixa de renda. Os dados entram agora em quatro categorias - exemplificadas acima - : consumidores com renda de até três salários mínimos, de três a cinco salários, de cinco a dez s.m. e acima de dez salários. A ideia é conhecer melhor a percepção dos consumidores quanto ao uso do crédito e a sua capacidade de pagamento. "Esse é um avanço significativo na compreensão do cenário econômico proporcionado pela pesquisa, para que os empresários do setor terciário possam planejar seus empreendimentos com eficiência", argumenta José Roberto Tadros, presidente da CNC.
Linha do tempo
O grupo de famílias que não conseguiram pagar dívidas antigas em janeiro chegou a 11,6%. Aqueles que não pagam dívidas há mais de 90 dias beiraram a metade dos inadimplentes, com 44,5% do grupo. Esta é a maior marca desde abril de 2020. Quem sentiu mais pesadamente a impossibilidade de pagar os boletos foram os consumidores que ganham até três salários, que representam 17,4% dos inadimplentes.
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