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Novo governo e crise internacional afetam mercado. Saiba onde investir

Sobe e desce dos índices econômicos exige cautela de investidores, explicam especialistas

Novo governo e crise internacional afetam mercado. Saiba onde investir
Investidor na B3
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O mercado financeiro começou 2023 sendo "estressado" pelos riscos políticos e econômicos. Os índices mostram que o cenário é de cautela para os investidores. Além do vai e vem das ações do Ibovespa, principal indicador da Bolsa de Valores do Brasil (B3), outros fatores como juros, mercado externo e recessão podem mexer com os investimentos. Para especialistas consultados pelo SBT News, é preciso estar atento aos episódios políticos e econômicos. 

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A quebra de braço entre o governo e o setor financeiro tem sido intensa e promete não dar trégua, nem nos primeiros 100 dias de gestão do presidente Luíz Inácio Lula da Silva (PT). Isso se deve ao fato de que o governo não tem um discurso tão amigável com o tal "mercado", que anda sensível aos comentários palacianos.

As críticas mais recentes do presidente foram sobre a independência do Banco Central e a atual meta de inflação. Lula acredita que esses dois fatores mexem "de forma negativa com as expectativas do mercado financeiro".

Apostas
Diante desse cenário, a dúvida das pessoas é sobre onde e como investir para fugir do risco político e da volatilidade.

De acordo com Vicente Guimarães, CEO da VG Research, há bons negócios na bolsa. No entanto, os discursos do presidente sobre a dualidade entre responsabilidade fiscal e social teriam feito com que o mercado reagisse com a queda na bolsa e, consequentemente, a alta do câmbio e o aumento dos juros.

"O cenário político tem oferecido uma maior volatilidade aos investidores. Nas primeiras semanas após a vitória do presidente Lula, a bolsa chegou a acumular quedas de 15%. Já para os juros, que são um termômetro fiscal para o mercado e impactam diretamente o social, vemos a melhora de humor do mercado recente", explica Guimarães.

Para ele, já é possível recuperar metade da alta que os juros tiveram ao longo do último mês. As taxas futuras, para 2025, que antes do resultado da eleição estavam em 11,4%, chegaram na máxima de 14,3%. Recentemente, recuaram para 12,7%. 

Por sua vez, Fabrício Gonçalvez, CEO da Box Asset Management, destaca que é importante considerar que o impacto das decisões do governo sobre as empresas tende a ser menor a longo prazo. "A história nos mostra que, em momentos de crise ou em governos anteriores, as empresas sólidas e bem administradas tendem a sobreviver e continuar a crescer."

Gonçalvez pondera que é importante considerar tanto o impacto das decisões do governo, no curto prazo, como o desempenho das empresas e seus resultados financeiros a longo prazo, "ao avaliar as perspectivas de uma empresa e sua cotação".

Já para Flávio Conde, da Levante Investimentos, as críticas à independência do Banco Central podem refletir negativamente na Economia. "Podemos ter um segundo semestre com o juros caindo, no Brasil, mas, com a inflação acima de 6%, o dólar pode subir", avalia. 

Renda fixa ou variável?
Mesmo com todo o cenário de cautela, as formas de investir estão cada vez mais ligadas às estratégias de proteção. Afinal, com toda a insegurança em meio ao cenário fiscal, o ideal é estudar os ativos e as opções para que se defina o melhor caminho dentro da realidade financeira de quem investe. 

Na renda variável, ou seja, há quem aposte em setores como os de energia, bancos e commodities. A aposta no setor energético, por exemplo, existe pela baixa volatilidade, devido a contratos de longo prazo.

"Gostamos do mercado de ações, principalmente de empresas em setores perenes. Bons negócios se mostraram resilientes ao longo da pandemia e comprar ações baratas nesse cenário é a melhor proteção que um investidor pode usufruir a longo prazo. Algumas empresas do setor de Energia, como é o caso da Auren, Alupar, CPFL, possuem negócios com baixa volatilidade, contratos de Longo Prazo e um retorno real de duplo dígito", avalia Guimarães.

Já Gonçalvez acredita que o contexto está propício para as apostas em aplicações atreladas à renda fixa, mesmo acreditando que as ações na bolsa estejam descontadas e a preços abaixo do esperado. No entanto, recomenda cautela.

"O cenário macroeconômico atual está afetando algumas empresas, o que está resultando em descontos significativos em suas ações. Isso pode ser visto como uma oportunidade para investidores de perfil arrojado, que estão dispostos a assumir mais riscos em busca de retornos potencialmente maiores. Esses investidores podem considerar a compra de ações de empresas que estão descontadas devido ao cenário atual, mas com perspectivas de recuperação no futuro.", explica.

No momento, os especialistas acreditam que a renda fixa (CDBs e LCIs) pode ser a melhor opção. Isso considerando a alta dos juros e o cenário incerto norte-americano. 

"O investidor precisa começar a jornada de investimento o quanto antes. Neste cenário, temos uma taxa de juros real de quase 8%, que é uma das maiores oportunidades da década. Na renda fixa, preferimos a liquidez de um CDB com um bom emissor, ou ainda um título pós-fixado." argumenta Guimarães. 

Pós-fixados também são a aposta do analista da Levante, uma vez que, para um perfil conservador, a taxa de 13,75% ao ano de rendimento é uma alternativa atraente. "Este é o investimento mais tranquilo no peso de retorno e risco", completou.

Na indústria de Fundos Imobiliários também há oportunidades, de acordo com os especialistas. O Dividend Yield dos chamados FIIs está perto de 11%, uma das maiores taxas desde a sua criação. Portanto, há uma possibilidade de retorno a partir de dividendos, que ainda não são tributados pelo governo federal. 

Recessão a caminho
Mesmo com as expectativas positivas para a bolsa neste ano, os analistas acreditam que o Brasil não passará ileso pela recessão. Os recentes balanços de bancos norte-americanos e  os resultados dos indicadores externos não foram animadores e trouxeram um alerta para um período de aperto monetário global, no qual as empresas estão reduzindo custos para lidar com a instabilidade. A desaceleração é uma consequência já sentida em diversos países.

Fabio Fares, especialista em análise macro da Quantzed, acredita que os bancos passam por dificuldades, mas o mercado sinaliza uma certa esperança para a recuperação. Para ele, apesar de algumas sinalizações de recuperação, "o dinheiro não está acompanhando isso". 

" Tudo mostra que os Estados Unidos vai ter grande dificuldade nos próximos meses para se manter com esse otimismo de crescimento, o que a economia não está conseguindo mostrar. Talvez não seja uma recessão duradoura, profunda, mas é uma recessão, como eles chamam de soft landing. Em tese, seria um pouso suave, alguma virada de chave com crescimento da China ou petróleo desabando,  por exemplo. Esses casos teriam de dar muito certo pros Estados Unidos e evitar o pior", alerta.

O Brasil não sairá ileso a esse fenômeno, uma desaceleração global impacta a atividade economica no país, principalmente devido à expectativa de queda nos preços das commodities, avalia.

"Internamente, ainda temos um cenário complexo, com inflação elevada, consumo das familias perdendo tração, queda na confiança dos empresários alinhada a um contexto de politica monetária contracionista (Selic bem acima do natural). As expectativas do PIB para 2023 no Brasil estão ao redor de 0.8% de alta", finaliza Vicente.

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