EUA criam 263 mil postos de trabalho em setembro; expectativa era 250 mil
Taxa de desemprego também cai além do esperado e renda dá sinais de melhora: preocupação com inflação e juros
O mercado de trabalho nos Estados Unidos surpreendeu em setembro: foram gerados 263 mil postos de trabalho, acima da média das expectativas -- 250 mil. Os dados foram divulgados nesta 6ª feira (7.out) pelo Departamento do Trabalho.
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A chamar ainda mais a atenção para o cenário aquecido na área do trabalho, a taxa de desemprego caiu para 3,5%, igualmente mais intensa do que o esperado. O mercado calculava que a redução do desemprego levaria o índice para 3,7% da população ativa. São agora 5,8 milhões de desempregados no país, nível atingido no mês de julho. Destes, 1,1 milhão de trabalhadores não encontram emprego há mais de 6 meses.
É bom mas é ruim
Outro elemento a ser observado é a evolução positiva da renda média dos trabalhadores empregados. No mês de setembro, especificamente, o salário médio por hora dos trabalhadores cresceu US$ 0,10. Isso mesmo. Em termos absolutos pode parecer pouco, mas neste grão em grão (em dólar), o valor por hora cresceu 5%. O rendimento mensal médio por hora está em US$ 32,46 (aproximadamente R$ 165,00).
Falar em redução de desemprego, valorização dos salários e aumento do poder de consumo pelos trabalhadores tende a ser a forma positiva de enxergar o cenário. Para quem precisa trabalhar, sem dúvida, melhora no emprego é melhora na vida. Mas a economia americana vivencia um momento de forte preocupação com a inflação e a consequente escalada dos juros para debelá-la.
É bom mas é ruim II
Com o emprego aquecido e a renda idem, a tendência é o consumidor ir mais às compras. O problema é quando isso se dá ao ponto de aumentar os preços, ou seja, pressionar a inflação. É o que os analistas e a autoridade monetária americanos levam em conta na hora de prever os rumos da economia do país -- a médio prazo. Uma inflação que em 12 meses acumula exige a adoção de taxas de juros mais altas exatamente pra arrefecer a atividade econômica. O que pode, em último caso, levar a uma recessão, como tem sido considerado possível por analistas, empresários e autoridade monetária. Para piorar, não é apenas nos Estados Unidos que esta preocupação se concentra. Países de todos os portes têm sido obrigados a subir suas taxas. Entre as economias mais desenvolvidas, Estados Unidos, Reino Unido, Suécia e outros tiveram que aplicar elevações de juros recentemente.
Fim de ciclo
O Brasil, na visão de analistas, ao manter a taxa Selic dos juros básicos estacionada em 13,75% a.a. na reunião do Copom em setembro, sinaliza o início do fim do ciclo de aperto monetário no combate a inflação. Mas por aqui, a subida dos juros teve início mais cedo e, por isso, os efeitos mais completos da iniciativa podem estar atingindo exatamente agora seu principal objetivo. De uma projeção que chegou a falar em inflação de dois dígitos no fechamento de 2022, agora os números para a alta do custo de vida já sugerem não mais do que 6% para este ano. Resultado dos juros mantidos altos por tempo prolongado.
Mercado financeiro
Os investidores nos Estados Unidos se debruçaram sobre os dados do mercado de trabalho e o resultado... não foi bom. A preocupação com a possibilidade de novas subidas de juros puxou as bolsas para baixo. Dow Jones em - 2,10%; Nasdaq em - 3,80% e S&P 500 em -2,80%.
A certeza de que, na reunião de novembro, o Comitê de Mercado Aberto americano (FOMC) deve elevar novamente os juros em 0,75 pp tornou-se predominante entre observadores e investidores.
No Brasil, o Ibovespa passou o dia no território negativo em consequência das quedas americanas. No fechamento, baixa de 1,17% aos 116.185 pontos.
Dólar oscilou ao redor do zero a zero e fechou em + 0,27% a R$ 5,22.