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Economistas pró-Lula veem risco em Bolsonaro e dizem priorizar democracia

Até mesmo críticos de antigos programas econômicos do PT avaliam que erros do passado ficam para depois

Economistas pró-Lula veem risco em Bolsonaro e dizem priorizar democracia
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O momento que o país atravessa foi decisivo para a escolha. Esta é a mensagem que fica clara no documento redigido e assinado por 38 economistas das mais variadas correntes de pensamento, e que carregam com eles vínculos com renomadas instituições da área acadêmica, econômica e de finanças do Brasil e do exterior. O lastro de grifes como London School of Economics, Harvard, PUC-RJ, USP, Insper, Johns Hopkins University, apenas para citar algumas, imprime um rótulo de credibilidade e preocupação intelectual e social ao documento.

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Um dia depois da divulgação do documento, não houve reações explícitas da campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) à carta. Em discurso em Santos (SP) nesta 4ª feira (28.set), no entanto, ele exaltou a gestão econômica de seu governo, destacando a redução no preço da gasolina e o Auxílio Brasil: "As questões econômicas do Brasil estão sendo exemplo para o mundo. Temos hoje um dos combustíveis mais baratos do mundo, temos o maior programa social da história do Brasil, graças à equipe de ministros que escolhi com independência", afirmou.

Pensamento crítico

Mirando em primeiro plano a manutenção do estado de direito, que julgam ameaçado, os professores, pesquisadores e gestores econômicos não se furtam em lançar mão de expressões contundentes como "momento crítico da história brasileira" e quanto ao que consideram a necessidade  "efetiva de proteção à democracia no Brasil".

Das conversas informais em grupos frequentados por muitos dos signatários (veja lista abaixo), surgiu a ideia de uma ação prática: mais do que um movimento organizado, inicialmente quatro dos integrantes se viram envolvidos numa "rede" de adesões que, diante da proximidade da eleição em primeiro turno, fez a carta Economistas defendem voto em Lula no primeiro turno eclodir em dois dias, depois de intensa redação e de uma série de adiamentos: "Toda vez que achávamos que o grupo estava fechado e coeso, aparecia mais alguém querendo entrar", confidencia um dos economistas que prefere não ter o nome revelado. 

Daqui pra depois

"A ideia nossa é de que haja um voto útil e terminar no primeiro turno", aponta o professor Cláudio Considera, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, que assina a carta. E ele justifica a urgência com o receio estabelecido entre os signatários até quanto aos riscos para um segundo turno, sujeito a ser muito tumultuado, na definição de Considera. "Eu não pensava em votar no Lula no primeiro turno, tinha outra opção. Mas o desejo de encerrar de uma vez por todas esse pesadelo foi mais forte", afirma Otaviano Canuto, membro sênior do Policy Center for the New South e ex-vice presidente do banco mundial. "Não teremos boa política econômica sem acabar com aquilo", acrescenta. 

O que é preocupação com o futuro do país passa primeiro pelo presente ao nível até da segurança pessoal de cada um, incluindo o dia da votação. Embaixadas estrangeiras têm se manifestado em alerta. E não estão sozinhas. "Vou votar de camiseta branca, sem nenhum panfleto, nenhum sinal dos meus candidatos ou partidos. Nunca vivi isso", admite Considera. 

Primeiros erros

Os economistas deixaram para segundo plano as críticas que eventualmente colecionam quanto às políticas econômicas dos governos petistas. Mas permanece no horizonte a ideia de estabelecer condições para melhorar a economia para o presidente que vai governar a partir de janeiro do ano que vem. "Precisamos garantir as instituições democráticas, o estado de direito e o resultado das eleições, com a maior governabilidade possível para que o futuro presidente tenha chances mínimas de refazer o país", avalia um dos economistas sem revelar a identidade. E o mesmo signatário vai além.  

"Instituições, estado de direito e democracia são uma preocupação que precede a discussão da futura política econômica do Lula e os erros e acertos do PT no passado."

Não que o grupo tenha abandonado o olhar crítico ao passado para não repetir, no futuro, o que já não deu certo. "Depois, quando restaurarmos a normalidade democrática, poderemos explicitar de forma civilizada as nossas divergências e pensar no nosso futuro de forma construtiva", salienta Octavio de Barros, que atuou como economista-chefe de grandes instituições financeiras e hoje está na área cultural. "A questão agora é civilizacional", aponta ele.

Versão turbo

Um legado que já se pode validar é o da convivência ambiciosa de pensamentos entre economistas mais tarimbados e uma ala jovem, com gosto pela pesquisa e desenvolvimento acadêmico aplicados à preocupação com a condução do país. Muitos deles são considerados fronteira em suas áreas de conhecimento. São academicamente fortes e tornaram o documento mais "preciso". Pela expectativa de parte dos integrantes do grupo que assina a carta, podem ainda conferir a Lula uma força decisiva para liquidar a fatura já no primeiro turno.

Em um eventual novo mandato do petista, a torcida é para que "essa turma seja ouvida nas suas áreas de especialidade", diz uma fonte do grupo.

" O país precisa de um Lula turbinadíssimo. Essa turma pode dar isso. Espero que o Aloizio [Mercadante] amplie o leque de diálogo depois do primeiro turno e envolva essa turma na discussão de um programa de governo", torce o economista.

Para o jornalista e economista George Vidor, é natural o apoio à candidatura Lula já no primeiro turno, "embora o ex-presidente não tenha definido seu programa de governo e até feito declarações um tanto preocupantes em relação aos gastos públicos. No entanto, o que os une hoje é a defesa da democracia, um bem maior. A questão econômica não tem grande relevância na atual disputa eleitoral. Isso, ao que tudo indica, ficará para depois. O embate vem se dando entre quem se alinha ou não à defesa da democracia", considera Vidor.

Abaixo a lista dos economistas que assinam a carta

Amanda de Albuquerque
Bernard Herskovic
Bernardo Silveira
Bruno Giovannetti
Carlos Góes
Carolina Grottera
Cláudio Considera
Claudio Ferraz
Daniel Cerqueira
Diana Moreira
Dimitri Szerman
Emanuel Ornelas
Fernanda Estevan
Filipe Campante
Francisco Costa
Gabriel Ulyssea
Joana Monteiro
Joana Naritomi
João Ramos
José Tavares de Araújo Jr
Laura Karpuska
Laura Schiavon
Marco Bonomo
Marcos Ross Fernandes
Mayara Felix
Octavio de Barros
Otaviano Canuto
Paula Pereda
Paulo Corrêa
Paulo Furquim de Azevedo
Rafael Costa Lima
Raphael Corbi
Ricardo Dahis
Rodrigo R. Soares
Rudi Rocha
Sergio Firpo
Thomas Fujiwara
Tiago Cavalcanti

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