Analistas: dia seguinte aos juros da Super 4ª foi para "comprar Kit Brasil"
Ibovespa descola do cenário externo e rompe barreira de 114 mil pontos: bolsa e real em alta, juros futuros em queda forte
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O dia seguinte às decisões sobre os juros nos Estados Unidos e aqui no Brasil, foi dedicado a comprar o que os analistas e investidores chamam de "Kit Brasil": bolsa e real em alta, juros futuros em queda forte.
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De maneira geral, os investidores adotaram como mais certeira a percepção de que o ciclo de juros altos no Brasil, ou de elevações de juros pra ser mais preciso, terminou. Isso porque, pela sinalização do Banco Central, a taxa vai ficar na casa dos 13,75% por muito tempo. Depois, começa a declinar. Quando ainda não se sabe, mas ao final do primeiro semestre do ano que vem isso tem boas chances de acontecer.
Estados Unidos e mais
Nos Estados Unidos, a ressaca pela puxada nos juros decidida pelo Federal Reserve foi forte. Até porque, além da alta de 0,75 ponto percentual, a comunicação da autoridade monetária apontou na direção de novas altas. Foi a senha para outras economias relevantes promoverem subidas de juros. O Banco da Inglaterra (BoE) subiu a taxa em 0,5 ponto percentual, até chegar aos 2,25% ao ano. E manifestação explícita de que vai trabalhar para que a inflação desça para a meta de 2%. Qualquer comparação com o Banco Central americano não é mera coincidência. No Reino Unido, a visão é de que a inflação vai ficar acima de 10% no médio prazo.
No final do dia, o índice Dow Jones fechou em - 0,36%; o S&P ficou em - 0,84% e o Nasdaq em - 1,37%. O índice FTSE 100 da Bolsa de Londres fechou em queda de 1,08%.
Veja abaixo as opiniões dos analistas do mercado financeiro.
Luciano Costa, economista chefe e sócio da Monte Bravo assessoria de Investimento
"O dia foi muito positivo para os ativos domésticos. A percepção que tomou conta do mercado foi a de que agora parou a alta dos juros. E por um bom tempo. Outro aspecto interessante é o de que o investidor, notadamente o estrangeiro, viu que na taxa Selic a 13,75% o momento é de antecipar a retomada de investimentos. Não só para renda fixa, mas para renda variável no Brasil também. Faz sentido."
"Se a taxa não sobe mais -- é o que está colocado por ora --, o negócio é aproveitar o momento, fixar o ganho com as cifras do aqui e agora. Em 2023 o Banco Central deve proceder a uma flexibilização [redução] nos juros. Então partir para o ganho já garantido é o melhor caminho."
Paulo Gala, economista chefe do Banco Master
"Foi dia de comprar o 'Kit Brasil': bolsa em alta, real em alta e juros futuros em baixa. O futuro de janeiro de 2025 baixou de 11,73% para 11,48%. Quer dizer que tem mais investidor, aqui e lá fora, disposto a 'comprar Brasil'. Tudo decorre da sinalização do copom de 4ª (21.set) de que o ciclo de alta de juros se encerrou. Em que pese o comunicado do Copom ter mencionado que o BC não hesitárá em voltar a subir juros, se for o caso, esta 'ameaça' foi deixada ali mais na torcida para não ser cumprida. Querem mesmo é dizer que a Selic ficará alta, nos 13,75%, por tempo 'suficientemente prolongado', como cita o Copom. Embora nunca se saiba exatamente o quanto tempo é este período..."
"O mais significativo é a sinalização de que o próximo movimento do Banco Central será para cortar juros, e não o contrário. Quando, não dá para ter certeza, mas considerar o final do primeiro semestre do ano que vem pra começar a ver as taxas declinarem faz sentido."
Fechamento de mercado no Brasil
O Ibovespa subiu 1,91% e voltou à casa dos 114 mil pontos. O dólar caiu 1,14% e foi cotado a R$ 5,11 para venda. No mercado de juros futuros, a taxa para janeiro de 2025 baixou de 11,73% para 11,48%.