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Mercado financeiro oscila na expectativa pela "Super Quarta" dos juros

Brasil e EUA têm cenários e políticas semelhantes para juros e inflação; aqui, aperto começou mais cedo

Mercado financeiro oscila na expectativa pela "Super Quarta" dos juros
Federal Reserve
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O mercado financeiro viveu a 3ª feira (20.set) como se fosse véspera da 4ª... da "Super Quarta". É a avaliação até certo ponto bem-humorada de observadores atentos e analistas a respeito da expectativa gerada para este 21 de setembro. Dia de definição em mais uma etapa dos juros no Brasil e nos Estados Unidos.

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Há semelhanças e "independências" de realidade para realidade, na comparação entre os dois países. O Brasil tem 8,73% de inflação acumulada nos últimos 12 meses, de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado indicador oficial da inflação. Por aqui, a taxa de juros observa 13,75% a.a. para conter a pressão sobre os preços. 

Nos Estados Unidos, a inflação está em 8,3% em 12 meses, medidos pelo Departamento do Trabalho e Estatística (U.S. Bureau of Labor Statistics), em tradução livre. A taxa de juros definida pelo Federal Reserve (FED), o Banco Central dos Estados Unidos, reside agora no intervalo entre 2,25% e 2,50% a.a.. 

Veja abaixo as opiniões de especialistas do mercado sobre o que esperar na Super Quarta:

Heitor Martins, especialista em renda variável da Nexgen Capital
"Nos Estados Unidos, os dados recentes de inflação, tanto para consumidor quanto produtor, não vieram tão positivos, não mostraram ainda uma queda da inflação [mercado esperava 0,1% de deflação em agosto e veio alta de 0,1%]. Por conta disso, expectativa é de que o Fed aumente os juros entre 75 bips [0,75 ponto percentual] e uma chance muito pequena de que a taxa receba mais 1 pp. Isso vai muito em linha com o que o Fed tem mostrado em seus comunicados, que os diretores do BC americano também têm falado ao público. 

Aqui no Brasil, a gente já enxerga, por outro lado, uma manutenção das taxas de juros em 13,75% aa, nem aumento nem baixa por enquanto. Mas também a gente espera uma sinalização do banco central de que isto não signifique que a partir de agora as taxas vão começar a baixar ou se vão parar por aí." 

"As declarações do Banco Central têm sido claras em relação ao comprometimento do controle da inflação. Isso significa que, se por acaso, a inflação voltar a crescer, a ficar mais alta do que o esperado, o BC ainda pode voltar a subir juros."

Étore Sanchez, economista chefe da Ativa Investimentos 
"A expectativa é o Fed adotar elevação de 75 bips [0,75pp]. Mas o grande enfoque do mercado, além da própria reunião, é que ainda existe a possibilidade de uma elevação de 100 bips [1,00pp], o que eu julgo como sendo um risco muito pequeno de acontecer. Mas mais importante do que isso será a sinalização para a condução dos juros. Hoje aqui a gente considera mais uma elevação de 50 bips [0,50pp] e uma outra de 25 bips [0,25pp] até o final do ano, conduzindo o juro para o intervalo de 3,75 com 4. Tem muita gente no mercado, inclusive já precificado, entre 4,25% a 4,5% para fechar 2022. Eu acho difícil uma condução tão austera. A sinalização na coletiva de imprensa será valiosa para interpretar melhor o horizonte de trabalho do Fed. 

Para o Brasil a nossa expectativa é de que não tenhamos novas elevações de juros, mas isso não quer dizer que nós teremos uma comunicação mais branda quanto aos juros [dovish, no jargão do mercado]." 

"A autoridade vai mostrar sim o compromisso com o regime de metas de inflação, a fim de sustentar o juro por tempo prolongado buscando uma convergencia. Então seria uma interrupção do ciclo de alta com uma comunicação dura pra que seja crível o compromisso de que o juro vai ficar estável por tempo suficientemente prolongado."

Roberto Padovani, economista chefe do Banco BV
"Para os Estados Unidos, a gente prevê alta de 0,75pp. Houve uma mudança de leitura importante. Inflação não é apenas alta por lá, mas muito disseminada [espalhada por diferentes setores promovendo reajustes de preços]. Então exige uma ação mais dura pra encarecer o crédito, desacelerar a economia e convencer os empresários de que não há espaço pra reajuste de custos: é um esforço muito maior. O que tem dado o tom no mercado financeiro é a leitura de que vc vai ter um aperto de crédito maior com impacto sobre crescimento global, daí o mau humor que a gente tem visto [as bolsas nos Eua caíram nesta 3ª feira (20.set): Dow Jones - 1,01%; S&P 500 - 1,12% e Nasdaq - 0,95%]. 

Para o Brasil é diferente. A gente já começou esse ciclo no ano passado, então a questão é o final desse processo. Argumento para ele parar [e aumentar juros] é o fato de a inflação já estar caindo e já ter uma desaceleração contratada. A favor de uma alta, você tem o fato de que as metas de inflação para 23 e 24 estão em queda [ver gráfico abaixo]."

"3% de meta para 2024 não é pouca coisa. Então é mais difícil para o BC alcançar essa meta. Na nossa cabeça ele deveria subir 0,25pp, mas seja como for é final de ciclo e aí a grande mensagem é por quanto tempo ele fica parado."

Metas de inflação x IPCA | Banco Central 

Ao final do dia, o Ibovespa fechou em ligeira alta de 0,62%, aos 112.516 pontos. O dólar perdeu 0,25% e fechou a R$ 5,153 para a venda.

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