Por que a Amazônia pode reduzir disparidades no mercado de trabalho?
Com investimentos na região, homens negros e mulheres seriam os mais beneficiados, conclui estudo
Pablo Valler
Um plano de restauração e preservação, com estruturação dos negócios da floresta, o que se chama formalmente de bioeconomia, teria qual impacto sobre a Amazônia? Uma equipe de pesquisa se debruçou sobre a hipótese do Plano de Recuperação Verde da Amazônia Legal (PRV-AL), do governo federal, ser colocado em prática. Para tal, analisou dados econômicos reais passados, de 2011 e 2015.
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O investimento seria de R$ 1,5 bilhão, como programado. O que se revelou é que, quanto antes, com menos degradação, o plano tem efetividade maior. Em 2011 geraria 28.026 empregos. Em 2015, 25.114. Resultados que seriam conquistados não só na região, mas por onde a cadeia de produção avançasse, com centros de processamento e distribuição pelo país.
Os postos de trabalho também não seriam abertos imediatamente, mas em um médio prazo. O objetivo é "acompanhar um processo de pensar um plano de transição verde para o Brasil que coloque a Amazônia Legal no centro da mudança da estrutura produtiva", explica Pedro Romero Marques, doutorando e um dos titulares da pesquisa.
O estudo é realizado pelo Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades (Made), da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária (FEA) da Universidade de São Paulo (USP).
Homens negros e mulheres
Exclusivamente na área denominada Amazônia Legal, que compreende os estados da região e parte do litoral brasileiro, estariam 85% dos empregos.
Desse modo, "a gente consegue tirar algumas conclusões sobre como colocar a Amazônia no centro desse processo de transição verde pode contribuir para redução de certas disparidades que são típicas do mercado de trabalho brasileiro", conta Marques.
Como a população é predominantemente negra e com mais mulheres à disposição, pode-se dizer que a execução do plano diminuiria a disparidade do mercado de trabalho do país.
Desenvolvimento sustentável
"Importante que esse conhecimento de que um processo de remodelação da estrutura produtiva na direção de uma economia de baixo carbono, na direção de uma transição verde, precisa garantir que não haja a ampliação da pobreza, que não haja ampliação de desigualdade", reflete o pesquisador. Marques adianta uma consequência possível se os investimentos não forem pulverizados e feitos em conjunto com programas de capacitação, evitando, dessa vez, a concentração de riqueza na economia do Brasil.
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