Custo do gás de cozinha muda hábitos de famílias brasileiras
Comerciantes reclamam de queda nas vendas
Roseann Kennedy
O custo do gás de cozinha está mudando os hábitos de muitas famílias brasileiras. O preço médio do botijão, divulgado neste sábado (20.ago) pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), é de quase R$ 112,00. Mas o consumidor de Santa Catarina, por exemplo, já paga R$ 160,00.
+ Leia as últimas notícias no portal SBT News
A alta no preço do botijão provocou mudanças na cozinha. A auxiliar administrativa Marluce Damião estabeleceu um cronograma para preparar as refeições. "Eu tenho feito comida só uma vez ao dia, que fica para o almoço e já para a janta e para o dia seguinte. Não estou esquentando mais a comida aqui no fogão, estou esquentando no micro-ondas que eu ganhei. Na minha casa, eu não faço bolo, é uma coisa que é muito rara eu fazer agora porque o gás está muito caro", falou.
E não é só o consumidor que sofre com a alta do preço do gás. Os comerciantes reclamam de queda nas vendas. A margem de lucro na revendedora em que trabalha Amarildo caiu. "A gente não consegue passar o que a gente tem que pagar, para o consumidor. Então todo mundo perde", pontuou.
Nos últimos 12 meses, o preço do botijão de gás aumentou 21,36%. Ou seja, mais que o dobro da inflação (10,07%), segundo o IBGE. E, em alguns estados, o valor já consome mais de 10% do salário mínimo R$ 1.212,00). De acordo com os dados da ANP, o brasileiro paga em média R$111,53 pelo gás de cozinha.
O economista Eric Gil Dantas, do Observatório Social do Petróleo, ressalta que quem mais sofre são as famílias de baixa renda: "impacta mais as famílias de baixa renda porque elas gastam mais dinheiro com os itens básicos, que foram os que mais subiram". Ainda de acordo com ele, o vale-gás do governo equivalente a um botijão a cada dois meses promove um alívio, mas é um alívio temporário, até o fim do ano.
Em sua visão, deveria "ter uma política para oferta de gás de cozinha para famílias pobres que fosse mais permanente, até porque no ano que vem as pessoas vão ter que cozinhar e se alimentar igual a este ano".
Veja também: