Mercado Financeiro: cautela e alta na largada da campanha eleitoral
Ibovespa até oscilou ao longo da 3ª feira, mas encerrou o pregão em + 0,47%, aos 113.557 pontos
Guto Abranches
Em meio à corrida presidencial mais polarizada desde sempre, o mercado financeiro iniciou os trabalhos nesta 3ª feira (16.ago) de olho na largada das campanhas eleitorais nas ruas e na internet. Sem esquecer os dados vindos do exterior, que questionam como será o crescimento da China, a inflação e a taxa de juros nos Estados Unidos -- e o risco cada vez maior de haver recessão planetária. Com tantas pontas soltas na costura do movimento do dinheiro no dia, a palavra que melhor traduz o que se passou entre as mesas de operações da renda variável foi uma só: cautela. Do outro lado, dólar em alta: +0,96%, cotado a R$ 5,140.
+ Leia as últimas notícias no portal SBT News
Até porque, nesta 4ª feira (17.ago), sai a Ata da reunião do Federal Reserve nos Estados Unidos. Dependendo do que vier no documento, os investidores vão tirar conclusões sobre o andamento da política para os juros na maior economia da Terra. O que, por consequência, terá poder de influência sobre todas as demais economias. Veja abaixo as opiniões dos especialistas do mercado sobre o dia financeiro.
Cristiane Quartaroli, economista do Banco Ourinvest
"O mercado manteve uma postura de cautela. Já não é de agora que o ritmo do crescimento da economia chinesa, por exemplo, não sai do radar dos estrategistas." Num dia em que as atenções se dividem com o início da campanha, mais observação e menos aceleração. Quando adicionado o peso da campanha que se inicia -- oficialmente, porque as discussões já vêm de tempos --, mais um motivo para evitar o risco. Resultado, pressão sobre a cotação da moeda americana. "Início de campanha, eleição se aproximando, pode trazer volatilidade para o câmbio. A gente está entrando num ambiente desconhecido, a gente não sabe quem vai vencer, como vão ser os debates, como as pesquisas vão evoluir daqui pra frente, isso gera incerteza, por isso essa volatilidade e até alguma pressão sobre o câmbio", avalia Cristiane.
Marcelo Freller - Estrategista macro XP
"O mercado operou morno no início oficial da campanha presidencial. O fato da corrida eleitoral estar com o mesmo cenário há alguns meses, fez o mercado olhar para outros fatores como um Federal Reserve (FED) mais brando, vendo uma provável recessão à frente nos EUA. Internamente, atenção para o provável fim do ciclo de alta da SELIC nos atuais 13,75%. Apenas uma mudança do cenário atual faria os mercados se movimentarem de forma mais volátil. Por enquanto, continuamos com uma alta probabilidade de ter Lula x Bolsonaro no segundo turno, disputando os eleitores indecisos e de centro. Possíveis anúncios sobre equipes ministeriais poderiam movimentar o mercado, mas isso deve ficar para depois da eleição."
Odair Abate - Sócio e Estrategista de investimentos da BDR Wealth Management
"Diferentemente do que vimos em eleições passadas, quando se 'descobria' as prioridades dos principais candidatos ao longo da campanha, desta vez os embates políticos e econômicos já têm deixado as diferenças de gestão para os próximos anos muito evidentes. O país está mais politizado do que nunca. Apenas se algo sair muito do contexto atual (mudanças nas prioridades dos candidatos) é que o mercado irá refletir essa potencial surpresa. Commodities, a guerra da Ucrânia e as eleições legislativas nos Estados Unidos em novembro, entre outros eventos e riscos potenciais, continuarão a receber as maiores atenções dos agentes econômicos. As eleições são importantes, especialmente a composição futura do Congresso Nacional, que pode facilitar ou dificultar as ações do próximo presidente, mas o mercado tende a oscilar menos do que no passado por conta desse evento."
Leia também