Supermercados registram menor volume de estoque em dois anos
Baixa demanda nas prateleiras acontece em meio à alta da inflação e retração do consumo
Camila Stucaluc
Os supermercados brasileiros continuam enfrentando desafios em relação ao volume de estoque. Segundo dados da empresa Neogrid, especializada na gestão da cadeia de suprimentos, o índice geral de rupturas - produtos que faltam nas prateleiras - atingiu 11% em junho, cifra ligeiramente menor em relação aos 11,5% contabilizados no mês anterior.
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A indisponibilidade do leite longa vida atingiu o maior patamar em um ano, e o segundo maior desde janeiro de 2019. Com aumento médio de 7,2% no preço do litro, a falta do item nos supermercados registrou índice de 19,4% em junho, ante 18,8% em maio. Os ovos também contabilizaram alta de ruptura, com 19%.
O diretor da Neogrid, Robson Munhoz, explica que, com a demanda em queda devido à alta da inflação, as redes de supermercados têm trabalhado com estoques menores para tentar equilibrar os pedidos. Isso acontece em meio à retração de consumo afetada por vários motivos, como a variação das commodities no cenário internacional e o aumento de preço dos alimentos.
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"As varejistas não estão mais comprando por oportunidade, mas sim por necessidade. Diversas indústrias têm limitado os volumes e, por isso, os descontos concedidos têm sido mais criteriosos", diz Munhoz. "O dólar aumentando, a situação ainda de guerra na Ucrânia, a inflação elevada e o aumento nas tarifas de luz causam efeitos em toda a cadeia de abastecimento", acrescenta.