Brasil precisa dobrar verba para manter infraestrutura, calcula CNI
Entidade diz que mesmo com concessões para iniciativa privada, recursos não são suficientes
Pablo Valler
Para garantir a manutenção e o funcionamento do que o Brasil tem de estradas, ferrovias, portos, aeroportos e outras instalações, o governo federal tem que dobrar os investimentos em infraesturura.
A quem defender que as concessões de administração dessas estruturas podem aliviar o problema, a Confederação Nacional da Indústria (CNI), que analisou as contas, responde que mesmo assim não será suficiente. O Brasil investiu apenas 1,57% do PIB em infraestrutura no ano passado. É o menor patamar desde 2014, quando se reservava 2,29% do PIB.
Atualmente, então, os ministérios com essas estruturas tem gastado cerca de R$ 135 bilhões ao ano. Porém, especialistas estimam que seria preciso aportar mais R$ 200 bilhões por ano durante uma década ou mais.
O investimento privado já representa 70% do total. Entretanto, para Matheus de Castro, economista da CNI, é impossível chegar à cifra necessária sem expansão nas duas pontas: governo federal e iniciativa privada.
"Precisaríamos de 4% do PIB ao ano para que, em meados do século, tivéssemos um nível de estoque de infraestrutura suficiente para nossas necessidades", avalia Castro.
Os recursos dos leilões de infraestrutura recentes, que segundo o governo somam R$ 1 trilhão, não serão suficientes para alcançar nem 2% do PIB, calcula o economista. "O modelo atual tem virtudes ao buscar recursos junto à iniciativa privada, mas é insuficiente", explica. O que limita a produtividade e o desenvolvimento do país.