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Produtividade do trabalho está abaixo do padrão anterior à pandemia

FGV aponta melhora no 1º trimestre desse ano, mas ainda abaixo da possibilidade de produtividade

Produtividade do trabalho está abaixo do padrão anterior à pandemia
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A produtividade do trabalho continua abaixo do nível anterior à pandemia, avaliam economistas do Observatório da Produtividade do Instituto Brasileiro de Economia (FGV Ibre).

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Houve recuou no primeiro trimestre, a um ritmo menos intenso do que os três primeiros meses de 2021. Ao mesmo tempo, teve uma ligeira alta na comparação com os três meses anteriores. Não há sustentação para um movimento mais favorável ao longo deste e do próximo ano.

No primeiro trimestre, a produtividade calculada pela comparação do valor adicionado com as horas efetivamente trabalhadas recuou 8,2% em relação ao mesmo período do ano passado, uma queda menos expressiva que os 10,1% do quarto trimestre de 2021 e que os 14,5% do segundo trimestre do ano passado, por exemplo. A métrica por horas efetivamente trabalhadas é a que mostra mais claramente o efeito da pandemia sobre o mercado de trabalho - houve um forte recuo das horas trabalhadas no auge da covid-19, seguido depois por um aumento significativo, à medida que as restrições à mobilidade social foram relaxadas. Essa medida pode incluir reduções por motivo de doença e feriado, ou aumentos, se há pico de produção e reposição de horas.

Na comparação com os três meses imediatamente anteriores, houve também uma melhora do desempenho da produtividade. A que compara o valor adicionado com o pessoal ocupado, por exemplo, recuou 0,4% entre janeiro e março de 2022, na comparação com o quarto trimestre de 2021, feito o ajuste sazonal. Na medida por horas habituais - que considera uma semana típica de trabalho -, a queda foi de 0,8%. Em ambos os casos, o recuo nos três últimos meses do ano passado havia sido um pouco superior a 1,5%. Já a produtividade por horas efetivamente trabalhadas subiu 0,5% no primeiro trimestre de 2022, vindo de uma queda de 2,7% no fim de 2021.

A produtividade por horas efetivas encontrava-se, no primeiro trimestre de 2022, 0,7% abaixo do pré-covid. Na mesma base, a produtividade por horas habituais e a por pessoal ocupado estavam 0,9% e 0,2% aquém, pela ordem.

As medidas de produtividade, especialmente a calculada com base nas horas efetivas, foram bastante afetadas pelos choques da pandemia. Efeitos de composição (trabalhadores menos qualificados e produtivos saíram mais do mercado) e medidas do governo para sustentação do emprego com corte de jornadas levaram os indicadores a registrar altas fortes no segundo e/ou terceiro trimestre de 2020. No decorrer daquele ano e também de 2021, porém, a elevação se confirmou temporária, tendo sido revertida ao longo do ano passado, em um processo que se manteve no início de 2022.

Considerando o desempenho da produtividade por hora efetiva entre o primeiro trimestre de 2017 e o último de 2019 e extrapolando as observações para projetar o que teria acontecido caso ela tivesse mantido o mesmo comportamento nos anos pandêmicos, os pesquisadores notaram que a alta na margem no primeiro trimestre de 2022 apenas levou a trajetória do indicador de volta à tendência. "Só que é uma tendência de queda, ruim - inclusive, pior do que das últimas décadas", diz o estudo.

No caso da produtividade total dos fatores (PTF) - que leva em consideração não só a mão de obra, mas também a eficiência do uso de capital - por horas efetivas, nem essa tendência do período anterior à pandemia foi atingida, apesar do aumento de 0,7% no primeiro trimestre de 2022 em relação ao quarto trimestre do ano passado.

A evidência para o Brasil está em linha com o observado no exterior, segundo os pesquisadores do FGV Ibre. Dados do Conference Board mostram que a produtividade mundial estagnou em um patamar acima do pré-pandemia, mas encontra-se mais ou menos no mesmo lugar em que estaria se o ritmo anterior à covid apenas tivesse se mantido.

"Havia muita expectativa de que a pandemia pudesse acelerar o aumento da produtividade global, pelo uso de tecnologias, digitalização. Mas ela não parece ter tido um efeito mais duradouro nem de aumento nem de queda da produtividade", pondera.

Segundo os pesquisadores do instituto, a retomada geral do emprego via trabalhadores menos escolarizados e informais, os mais prejudicados na crise da covid, ajuda a explicar a redução da produtividade, passada a fase mais aguda da pandemia. Cabe notar, porém, que, desde os trimestres finais de 2021 e, principalmente, no início deste ano, o crescimento do emprego formal também está aparecendo de forma mais consistente nas estatísticas. Na série mensalizada com ajuste sazonal elaborada pelo FGV Ibre, a ocupação formal estava, em abril deste ano, 4,5% acima do período pré-pandemia, e a ocupação informal, 1,9%.

Mesmo entre trabalhadores sem instrução ou com fundamental incompleto, o que se vê é crescimento do emprego formal nos últimos meses. Silvia Matos, coordenadora do Observatório e do Boletim Macro do FGV Ibre, observa que a normalização dos setores de educação e saúde foi importante para o crescimento do trabalho formal, além da reabertura, com a maior mobilidade, dos pequenos negócios, que demandam mais mão de obra.

Diante das perspectivas de desaceleração da atividade no segundo semestre, no entanto, os pesquisadores do FGV Ibre entendem como pouco provável que esses movimentos continuem. 

Mesmo a retomada de segmentos dos serviços não parece sustentável, dizem eles. "Não parece que é um efeito consistente de esses setores bombarem nesse ritmo até o fim do ano, acho muito difícil".

Matos diz que o cenário é de "muito emprego para pouco PIB", o que puxa para baixo a produtividade. O Conference Board projeta queda de 2,3% da produtividade por hora trabalhada no Brasil, enquanto no mundo ela deve ficar estagnada e, para emergentes, avançaria 0,2%.

O FGV Ibre prevê altas de 0,9% e 0,3% para o PIB brasileiro neste e no próximo ano. O número de 2022 até pode ser maior, reconhece Matos, mas isso viria acompanhado de mais inflação, consequentemente, mais juros e um ano de 2023 ainda pior. "Não podemos olhar 2022 sem 2023 na conta, vai ser um ano complicado e é difícil imaginar crescimento de produtividade nesse cenário", afirma.

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