Produção industrial do Brasil varia +0,3% no mês, aponta IBGE
Custo alto para produzir e menor poder de compra do consumidor rendem crescimento tímido
De fevereiro para março, o Brasil registrou alta de 0,3% na produção industrial, divulgou nesta 3ªfeira (03.mai) o IBGE. Variação menor que a comparação anterior, de janeiro para fevereiro, quando alcançou 0,7%. A diferença negativa é percebida com mais força na relação ano a ano com o mês de março, de -2,1%. No acumulado do ano é pior: -4,5%.
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A retomada econômica, com a reabertura total do comércio após a liberação do uso de máscaras, ainda não surtiu efeito no consumo.
"A inflação vem diminuindo a renda disponível. Os juros sobem e encarecem o crédito. O mercado de trabalho, que apresenta alguma melhora, ainda mostra índices como uma massa de rendimentos que não avança", avalia André Macedo, gerente de pesquisa do instituto.
Ainda de acordo com o especialista, as fábricas também refletem o custo de produção e até mesmo a falta de algumas matérias-primas, problema que acontece desde o início da pandemia.
Diferenças entre setores
Interrompendo quatro meses de crescimento, a produção de farmoquímicos e farmacêuticos registrou queda de 8,4% e foi o setor que mais impactou negativamente no resultado da pesquisa do IBGE.
Diminuiu também a fabricação de produtos derivados de petróleo e biocombustíveis: - 2,1%. Até a produção de alimentos caiu, com 1,7% menos que o mês anterior, uma consequência do consumo menor causado pela inflação.
Entretanto, também há influências positivas. Em couro, artigos para viagem e calçados houve avanço de 8,9%. Outra diferença relavante aconteceu com equipamentos de informática, eletrônicos e óptivos com 7,9%.
Quase a mesma variação com a categoria chamada outros produtos químicos: +7,8%. Com veículos automotores, reboques e carrocerias alta de 6,9%. Bebidas com 6,4%.
De um ano para o outro, produção industrial cai 2,1% mesmo com retomada econômica pós-Covid 19
Na comparação com o mesmo mês de 2021, a queda de 2,1% foi pressionada principalmente pelo setor de máquinas, aparelhos e materiais elétricos: -20,8%. Produtos de borracha e de material plástico: -14,5%. Metal: -15,9%.
Entre as grandes categorias econômicas, bens de consumo duráveis tiveram queda de 12,8%. Bens intermediários: -2,2%. Bens de consumo semi e não-duráveis: -1,2%. Somente bens de capital registrou crescimento, de 4,4%.
Há resultados negativos em três das quatro grandes categorias econômicas, 17 dos 26 ramos, 55 dos 79 grupos e 60,1% dos 805 produtos pesquisados. Vale citar que março de 2022 teve 22 dias úteis, um a menos do que o mesmo mês do ano anterior.