IPCA acelera a 1,62% em março, maior variação para o mês desde 1994
Número foi puxado principalmente pelo setor de transportes e alimentação
SBT News
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, teve alta de 1,62% em março, registrando 0,61 ponto percentual (p.p.) acima da taxa de fevereiro, quando foi calculado 1,01%. Os números são da pesquisa mensal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada nesta 6ª feira (8.abr).
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O resultado de março é a maior variação para o mês desde 1994, período antes da implementação do Real, quando o índice foi de 42,75%. Com o resultado, o IPCA acumula alta de 3,20% no ano e, nos últimos 12 meses, de 11,30%, acima dos 10,54% observados nos 12 meses anteriores.
Segundo o IBGE, oito dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta em março. A maior variação (3,02%) e o maior impacto (0,65 p.p.) vieram dos Transportes, que aceleraram na comparação com o resultado de fevereiro (0,46%). Vale lembrar que, em 11 de março, a gasolina vendida pela Petrobras às refinarias teve reajuste de 18,77% no preço médio, bem como os valores cobrados pelo etanol (3,02%) e óleo diesel (13,65%).
"Tivemos um reajuste de 18,77% no preço médio da gasolina vendida pela Petrobras para as distribuidoras, no dia 11 de março. Houve também altas nos preços do gás veicular (5,29%), do etanol (3,02%) e do óleo diesel (13,65%). Além dos combustíveis, outros componentes ajudam a explicar a alta nesse grupo, como o transporte por aplicativo (7,98%) e o conserto de automóvel (1,47%). Nos transportes públicos, tivemos também reajustes nas passagens dos ônibus urbanos em Curitiba, São Luís, Recife e Belém", detalha o gerente do IPCA, Pedro Kislanov.
Por outro lado, houve queda 7,33% nos preços das passagens aéreas. "Isso porque a metodologia empregada no indicador considera uma viagem marcada com dois meses de antecedência. A variação reflete a coleta de preços feita em janeiro para viagens realizadas em março. Em janeiro, houve um aumento nos casos de Covid, o pode ter reduzido a demanda e, consequentemente, os preços das passagens aéreas naquele momento", relembra Kislanov.
Na sequência, foi registrada a aceleração do grupo de Alimentação e bebidas (2,42%), que decorreu, principalmente, da alta nos preços dos mantimentos para consumo no domicílio (3,09%). A maior contribuição dentro do grupo veio do tomate, cujos preços subiram 27,22% em março. Além disso, foram registradas altas em diversos produtos, como a cenoura (31,47%), o leite longa vida (9,34%), o óleo de soja (8,99%), as frutas (6,39%) e o pão francês (2,97%).
"Foi uma alta disseminada nos preços. Vários alimentos sofreram uma pressão inflacionária. Isso aconteceu por questões específicas de cada alimento, principalmente fatores climáticos, mas também está relacionado ao custo do frete. O aumento nos preços dos combustíveis acaba refletindo em outros produtos da economia, entre eles, os alimentos", analisa Pedro Kislanov.
Outro grupo a acelerar na passagem de fevereiro para março foi o de Vestuário, com alta de 1,82%. Todos os itens que compõem o grupo tiveram variação positiva, com destaque para as roupas femininas (2,32%) e os calçados e acessórios (2,05%). Os preços das joias e bijuterias, que haviam caído em fevereiro (-0,36%), voltaram a subir (1,18%).
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O grupo de Habitação, por sua vez, registrou alta de 1,15% em março, puxada pelo aumento dos preços do gás de botijão (6,57%) e da energia elétrica (1,08%). Já no setor de Saúde e cuidados pessoais, o aumento foi de 0,88%. O único grupo que contalizou queda foi o de Comunicação, com -0,05%. Os demais ficaram entre o 0,15% de Educação e o 0,59% de Despesas pessoais.