Chocolate de Páscoa terá gosto amargo da inflação alta
Com prévia oficial de 0,95%, a maior para março desde 2015, ovos têm preços reajustados
Com o poder de compra corroído pela inflação, ir ao supermercado virou um terror para os brasileiros. A prévia oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), ficou em 0,95% em março. Essa é a maior variação para o mês desde 2015. Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta semana.
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Se no mês passado, devido à guerra na Ucrânia, o pãozinho teve preço escalonado de forma desproporcional ao aumento de salário -- o valor do quilo foi reajustado entre 12% e 20%, segundo levantamento da Associação Brasileira da Indústria da Panificação e Confeitaria (ABIP) --, o chocolate vai amargar ainda mais o bolso.
Do simples ao refinado, há incontáveis opções no mercado para os chocólatras de plantão. O montante pago pelos ovos de Páscoa, no entanto, não andam nada doces e já levaram o item a deixar de ser presença constante nos caixas.
Em São Paulo, uma lembrancinha "popular" chega a custar R$ 30, enquanto os dos tipos refinados ficam avaliados em pelo menos R$ 80 a unidade.
Cacau, dólar e embalagem elevam valor
Em relação ao ano passado, o preço do ovo de Páscoa subiu 40%, estima a Associação Paulista de Supermercados (Apas).
De acordo com a entidade, o valor "reflete o repasse dos custos de produção, que vem crescendo desde o ano passado em razão da escalada da inflação e do aumento de insumos como energia elétrica, combustível e do próprio cacau, cujo preço acelerou durante a pandemia em razão da elevação do consumo, com aumento de 20% na cotação entre junho e setembro do ano passado".
A produção dos ovos começa, geralmente, meses antes de os produtos invadirem gôndolas e corredores de supermercados. Os preparativos têm início entre setembro e outubro e, em 2021, nessa época, a inflação estava perto do pico: 14,7%, segundo o Índice de Preços dos Supermercados (IPS), no acumulado de setembro de 2020 a outubro de 2021.
Mesa de Páscoa será 7% mais cara que 2021
As vendas do varejo voltadas para a data festiva deverão movimentar R$ 2,16 bilhões em 2022, representando aumento de 1,9% em comparação ao mesmo período de 2021. Apesar da expectativa otimista, o resultado fica 5,7% abaixo do período pré-pandemia, em 2019, com R$ 2,29 bilhões. O estudo foi divulgado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Por se concentrar basicamente na venda de produtos alimentícios, o desempenho do varejo recuou devido às medidas sanitárias impostas para frear a disseminação da covid-19, especialmente em 2020. À época, o setor registrou o menor volume de vendas (R$ 1,67 bilhão) em uma década.
Com o afrouxamento das barreiras, o comércio voltou a respirar -- ainda a passos lentos. A valorização do real, mostra a pesquisa, teve impacto na importação do principal produto da Páscoa.
A queda nas importações de bacalhau em 17%, na contramão do aumento da quantidade importada de produtos à base de chocolates, é um indício da aposta setorista em produtos mais acessíveis.
Por outro lado, a cesta básica dos produtos de Páscoa, incluindo além dos chocolates e bacalhau, itens como azeite de oliva, bolo, vinho, outros pescados, água e refrigerantes estará 7% mais cara que no ano passado.