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O que o Brasil tem feito para amortecer os impactos da guerra no agro

Diretor da CNA destaca chance de faltar trigo, o que levaria ao aumento no preço de diversos produtos

O que o Brasil tem feito para amortecer os impactos da guerra no agro
Presidente Jair Bolsonaro participa da solenidade de lançamento do Plano Nacional de Fertilizantes (PNF) ao lado da ministra da Agricultura, Tereza Cristina | Agência Brasil/José Cruz
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Passados 25 dias, os impactos econômicos da guerra na Ucrânia são sentidos em todo o mundo, nos mais diversos setores. No Brasil, o valor dos combustíveis foi o primeiro a afetar a população na última semana. Agora, as atenções estão voltadas à agricultura.

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Um dos setores que mais movimentam dinheiro no país, a agricultura brasileira tem como principais importadores de fertilizantes e adubos a Rússia e a Bielorússia, responsáveis por pelo menos 23% do produto usado em território nacional, segundo a Comex Stat.

Quanto às preocupações e especulações sobre possíveis suspensões de envio por parte da Rússia, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, afirmou estar segura com a quantidade já adquirida. Sua preocupação, porém, gira em torno da elevação. Como forma de repúdio aos ataques à Ucrânia, muitas empresas petrolíferas estão interrompendo seus investimentos ou até mesmo deixando o país russo -- caso da Shell, BP, Equinor e Total Energies.

Apesar das sanções à Rússia e os impasses para o envio de fertilizantes -- uma vez que há dificuldade no transporte e pagamentos após bloqueio dos bancos russos da Swift, principal sistema de finanças mundial --, as entregas de fertilizantes ao Brasil seguem normalmente, informou o Ministério da Agricultura. Segundo a pasta, em 4 de março uma carga de fertilizantes da empresa russa Acron saiu com destino ao país.

No último dia 11, o governo brasileiro lançou o Plano Nacional de Fertilizantes (PNF), que tem como objetivo reduzir em até 50% a dependência de importação nos próximos 28 anos. O plano é composto por 80 metas e 120 medidas estratégicas para até 2050.

No lançamento da iniciativa, o presidente Jair Bolsonaro (PL) e a ministra Tereza Cristina ressaltaram que o PNF já estava sendo pautado há algum tempo. Cristina destacou que as principais diretrizes do plano são a sustentabilidade, investimentos em ciência e tecnologia, segurança jurídica e governança.

+ Governo lança plano para reduzir importação de fertilizantes

Na visão do diretor da Secretaria Executiva do Ministério da Agricultura, Luis Eduardo Rangel, a criação do projeto "coincide com a guerra e aumento substancial do preço dos fertilizantes". "Nós temos uma dependência que chega a 80% ou mais. Está na hora de entendermos a necessidade de mitigarmos essa dependência. Se não nos tornarmos auto suficientes, pelo menos não ficarmos tão dependentes nesta proporção", pontuou.

Riscos

Para o diretor técnico da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Bruno Lucchi, "de imediato, acredita-se que não haverá problemas para a segunda safra, mas os preços podem aumentar de forma significativa até o meio do ano, e a terceira safra -- 22 e 23 -- poderia ser a menor, também a mais preocupante para os agricultores".

Lucchi enfatiza a necessidade de cautela diante do atual cenário, que não está concreto nem possibilita a perspectiva de como o preço e a entrega dos produtos vão se desenhar nos próximos dias e meses. "A gente precisa realmente ter cautela nesse momento e avaliar como todas as questões ligadas à guerra estarão se equacionando, até mesmo para que o produtor possa estudar quais seriam as melhores estratégias para esse momento", ponderou.

Uma das maiores preocupações com relação à importação de produtos agrícolas é o aumento dos preços da alimentação em território nacional. O diretor da CNA comenta que a Rússia e Ucrânia são responsáveis por 30% do mercado internacional das exportações de trigo -- precursor de várias farinhas usado em grande parte da alimentação animal. "Então, se houver problema com o plantio, isso poderá impactar seriamente o valor não apenas da alimentação humana, mas principalmente a animal, o que encarece as proteínas: carne, leite e ovos."

Outro destaque é que, além do preço dos fertilizantes, a instabilidade política gera aumento no dólar, que onera muito o produtor rural que depende diretamente de produtos do exterior. "É preciso mais tempo para avaliar como vai ser o desdobramento da guerra para saber como o agricultor brasileiro e, consequentemente a população, serão afetados", concluiu Bruno Lucchi.

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