Endividamento das famílias em fevereiro é o maior em 12 anos no Brasil
Segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, cerca de 76% dos brasileiros possuem contas em aberto
SBT Brasil
A inadimplência e o endividamento das famílias aumentaram no Brasil em fevereiro deste ano. Segundo um levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o índice de pessoas com contas em aberto chegou a 76%, o pior resultado em 12 anos. No mesmo período, em 2021, o percentual não chegava a 70%.
+ Leia as últimas notícias no portal SBT News
A pesquisa do CNC mostra ainda que, entre os endividados, três em cada dez estão com as dívidas em atraso; e destes, pelo menos um não terá dinheiro para quitar as pendências.
É o caso do Erinaldo da Penha, que recorreu a um empréstimo no banco e ao limite do cartão de crédito para arcar com as despesas da família e de seu negócio. Agora, o microempresário não consegue pagar nenhuma das dívidas em dia. "Ainda tem algumas parcelas. Esse [mostrando uma conta] eu sempre atraso, sempre deixo quinze dias, trinta dias, já aconteceu", ele conta.
A educadora financeira Guaraciaba Sarmento aponta um dos motivos para o aumento no endividamento dos brasileiros. "A alta da taxa de juros, e é claro, para uma economia fragilizada como a nossa, infelizmente, nós, as famílias, somos quem acabamos pagando essa conta", explica a especialista.
E se por um lado a dificuldade de manter as contas em dia bateu recorde até mesmo as famílias de renda mais alta, isto é, superior a dez salários mínimos, chegando a 72,2%, nas casas onde os ganhos são muito inferiores, pagar as despesas mensais se tornou uma tarefa impossível. Neste segundo grupo, o endividamento atingiu uma grande maioria das famílias, 77,8%.
Consequentemente, a concessão de crédito aumentou expressivamente no país, apesar dos juros altos. Muitas pessoas têm recorrido, inclusive, a um segundo empréstimo para pagar o primeiro. A educadora financeira alerta que essa deve ser uma escolha muito em pensada, para que a dívida não se torne uma bola de neve. "Nessa competição entre as instituições financeiras, que podem estar ofertando, quem sabe, trocar uma dívida por outra, desde que, realmente, com esse valor ele [consumidor] possa dar conta de pagar as dívidas existentes", ela explica.
Leia também:
+ EUA anunciam sanções contra milionários russos aliados de Putin