2022 será ano difícil para investimentos, avaliam economistas

Enquanto 2021 começou com uma taxa básica de juros no valor mínimo histórico e com inflação levemente mais controlada, 2022, no entanto, terá um início conturbado. Além de ser um ano eleitoral, o que trará ainda mais variações para o mercado financeiro, há outros fatores que deverão ser levados em consideração para quem quer começar a investir. 

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Por outro lado, novas oportunidades também devem aparecer, mas ter atenção e definir bem os objetivos será fundamental para que as expectativas de ganho não sejam frustradas. "Será um ano que, dependendo do que estiver acontecendo e das notícias que saírem, vai haver reflexo na economia", explica Myrian Lund, planejadora financeira e professora da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Segundo ela, quando o assunto é investimento, é preciso saber lidar com a imprevisibilidade. "Ganhar mais que a taxa padrão da economia requer a visão de que você vai estar sujeito à volatilidade, porque estamos falando de futuro", afirma. Volatilidade, termo comum no mercado financeiro, é usado para descrever as altas e baixas dos investimentos.

Por esse motivo, já que 2022 será um ano cercado de certezas, o ideal será diversificar as aplicações para que as viradas de mercado possam ser aproveitadas. "Nunca queira colocar todo o dinheiro investido. Sempre deixe uma reserva de emergência para usar nas novas oportunidades, porque o mercado vai se adaptando e criando produtos novos de acordo com o cenário", explica.

Investimentos que trazem liquidez diária, ou seja, a possibilidade de resgatar o valor investido com o rendimento a qualquer momento, por exemplo, poderão ser uma boa opção. Além disso, os investimentos de renda fixa, aqueles nos quais é possível saber as taxas de rentabilidade, prazo de carência, data de vencimento e valor mínimo na hora da aplicação, poderão trazer mais segurança.

"A renda fixa vai acabar sendo uma alternativa interessante para ter na carteira. Vai ter um grande peso para todos os investidores, de modo geral, pelo ganho que ela está oferecendo", afirma Myrian. "Mas esse ganho não vai durar por muito tempo, então é preciso também se posicionar em outros mercados", pondera. 

Ela acrescenta que o cenário de indefinições é propício para que se invista, também, em moeda estrangeira. "É interessante ter algum investimento no exterior, como proteção, porque terá eleição no Brasil e não sabemos quem vai ser eleito e o que irá acontecer depois", acrescenta.

O que saber antes de começar

Para Eduardo Martins, economista da Consultoria BMJ, existem dois pontos principais que são necessários saber antes de investir: qual o objetivo com os investimentos e o quanto de reserva estratégica será preciso para começar. "Uma dica de como compô-la é investir nos fundos de baixa volatilidade que tenham uma liquidez diária ou quase diária. Isso permite que você ainda tenha algum ganho, com baixa probabilidade de perda e podendo usar o dinheiro com maior facilidade", explica. 

Assim, o segundo passo, depois da reserva estratégica, é delimitar um objetivo. "Se o investimento será de longo prazo para aumento de capital, carteiras mais agressivas podem ser interessantes. Se o objetivo é de curto prazo, opções com menor risco são melhores por apresentarem menor chance de prejuízo", afirma o economista.

Segundo Eduardo, o Copom já sinalizou um novo aumento nos juros e, mesmo assim, a inflação não dá sinais de redução significativa para reverter o cenário construído em 2021. Isso fará com que o valor das ações seja reduzido, fazendo com que a atratividade delas também diminua.

"Vale ressaltar que o perfil como investidor precisa ser traçado. Pessoas mais conservadoras provavelmente não irão querer ações de maior volatilidade, mesmo que isso represente menores ganhos ao longo do tempo", reitera.