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Economia

Subocupação das mulheres negras aumentou 42% no Brasil, mostra pesquisa

País tem hoje 2,5 milhões de brasileiras negras subocupadas

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A subocupação das mulheres negras aumentou 42,9% em todo o país na pandemia, segundo um levantamento do Núcleo de Pesquisa de Economia e Gênero da Faculdade de Campinas (NPEGen/Facamp) baseado em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Além do ritmo lento da retomada da economia, elas ainda enfrentam o preconceito ao disputar uma vaga no mercado de trabalho.

O maior desejo da auxiliar administrativa Maria Monica Matos é todos os dias fazer tudo sempre igual. Ela trabalhava como analista de seguros, mas foi demitida há dois anos e, desde então, não há rotina. A mulher faz serviço administrativo para uma empresa, vende cosméticos e, por vezes, realiza faxinas em residência.

Não se pode dizer que Monica está desempregada. Ela entra na categoria chamada subocupação, formada por pessoas que trabalham, mas menos do que gostariam e precisam. No país, hoje, há 7,5 milhões de brasileiros subocupados, e destes, mais de de 2,5 milhões são mulheres negras, de acordo com o NPEGen/Facamp. O Núcleo calculou que a taxa de subocupação de mulheres negras é de 40,9%. É maior que o dos homens negros (26,9%), que das mulheres (27,6%) e homens brancos (18,5%).

Segundo a economista Daniela Gorayeb, professora da Facamp, "existe tanto trabalhos que são considerados de homens, que homens são considerados mais capacitados pra realizar. Isso é um grande absurdo, mas igualmente absurdo é a constatação de que existem trabalhos que pessoas brancas são melhor qualificadas, mais competentes pra realizá-lo".

"E isso é, de fato, não tem lógica nenhuma, uma vez que nos sabemos que as mulheres, as mulheres negras, tem aumentado as qualificações, carregam consigo uma competência, uma criatividade, uma inteligência", completou. Maria Monica relata que já passou várias situações em que recrutadores entraram em contato com ela, agendavam entrevista, e quando a chamada de vídeo era iniciada "e a pessoa se deparava com uma mulher negra , você via na expressão da pessoa a pessoa mudar".

Na pandemia, sem onde deixar os filhos, elas se submetem ao que aparece para pôr comida na mesa. É preciso que as empresas e o poder público adotem novas posturas em favor de uma sociedade mais justa. "Por exemplo as creches, as escolas em tempo integral, um transporte público eficiente, porque são mulheres que moram em geral muito distante do seu local de trabalho", pontua a economista Daniela Gorayeb.

Ainda nas palavras dela, "algumas empresas têm mostrado politicas contrárias a atitudes racistas, e favoráveis à diversidade e maior representatividade no seu quadro de pessoal , então essas ações precisam ser louvadas e incentivadas, e as contrárias a isso precisam ser penalizadas".

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