Presidente da Petrobras defende distribuição de dividendos a acionistas
Para Silva e Luna, governo é quem decide o que faz com dinheiro que recebe da estatal
Vinicius Doria
As declarações do presidente Jair Bolsonaro sobre a política de preços e os lucros da Petrobras continuam repercutindo, e provocaram uma nova rodada de explicações por parte da estatal, nesta 6ª feira (29.out). Em entrevista na sede da companhia, no Rio de Janeiro, para explicar os resultados financeiros do primeiro trimestre, anunciados na véspera, o presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, defendeu a distribuição de dividendos aos acionistas. Para ele, o papel de promover políticas públicas é do governo.
"Devolvemos o lucro da empresa à sociedade por meio de dividendos. O acionista majoritário (a União) recebe a sua parte e decide como bem empregar esse recurso em proveito de políticas públicas", disse Silva e Luna.
Na 5ª feira (28.out), a empresa informou que antecipará o pagamento de R$ 31,8 bilhões em dividendos aos acionistas. No ano, as antecipações de remuneração já somam 63,4 bilhões. No mesmo dia, foi divulgado o balanço do 3º trimestre, com lucro líquido de R$ 31,1 bilhões.
Sobre a política de preços dos combustíveis, o CEO da companhia disse que "sofre" quando precisa anunciar aumentos. Nos primeiros nove meses do ano, os preços dos combustíveis no país registraram alta de 28%, no caso do óleo diesel; 32%, na gasolina; e 27% no gás de cozinha, de acordo com levantameto do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep).
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"Sofremos quando temos que informar a situação de ter que aumentar o preço de um combustível ou outro. E só fazemos isso no limite da necessidade para evitar desabastecimentos", disse.
Ele reforçou que a estatal não tem como controlar preços dos combustíveis, que dependem da cotação internacional de petróleo e derivados, e da variação do dólar. "O petróleo tem seu preço determinado pelo mercado global. A Petrobras não controla esse preço", explicou.
Críticas na live
Na véspera, o presidente Jair Bolsonaro, em live transmitida antes do embarque da comitiva brasileira para a reunião do G-20, na Itália, criticou não só a política de reajuste de preços como a distribuição de dividendos aos acionistas da companhia. Para o presidente, a Petrobras "dá lucro alto para os acionistas", sem citar que é a União, acionista majoritária, que fica com a maior parte. Sobre os sucessivos aumentos de preços, Bolsonaro declarou que "não é justo você viver num país que paga tudo em real, um país praticamente autossuficiente em petróleo, e (que) tem o preço do seu combustível aqui atrelado ao dólar".
A fórmula para definir a tabela da companhia vigora desde 2016, quando foi adotada a Política de Preços de Paridade de Importação (PPI).