Aumento de juros básicos preocupa setor produtivo sobre economia
Elevação da taxa pode atrasar a recuperação econômica, além de comprometer o crescimento em 2022
Empresas do setor produtivo criticaram a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de aumentar a taxa básica de juros da economia, a Selic, de 4,25% para 5,25% ao ano. Para eles, a elevação do custo pode atrasar a recuperação econômica e, ainda, refletir na manutenção do alto desemprego nos próximos meses.
Em nota, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) classificou a decisão do Copom como "equivocada". Para a entidade, as altas recentes da inflação não decorrem da demanda, mas de fatores externos que afetam a oferta, como a subida do dólar e o encarecimento de matérias-primas e insumos.
"O controle da inflação de oferta via juros é menos eficaz e requer um forte desestímulo à atividade econômica em um momento em que a recuperação da economia ainda se mostra frágil. A taxa de desemprego ainda está próxima do pico histórico e a produção da indústria de transformação perdeu força ao longo deste ano, apresentando queda em cinco meses no primeiro semestre", destacou o presidente da CNI, Robson Andrade.
Segundo o comunicado, a expectativa da indústria é de que as pressões de custos sejam reduzidas à medida em que o real se valorize e o mercado de insumos e matérias-primas se reequilibre. Por isso, "as condições de crédito para consumidores e empresas deveriam continuar sendo de estímulo e a decisão por um quarto aumento da Selic é contrária à necessidade atual da economia", completa o texto.
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A decisão também recebeu críticas por parte da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que considerou que a elevação pode pôr em risco a "frágil" recuperação da economia brasileira, mantendo o desemprego alto, além de comprometer o crescimento em 2022.
"Embora vários segmentos econômicos estejam com desempenho positivo, o mercado de trabalho continua com 14,8 milhões de desempregados e 4,6 milhões de pessoas que, apesar de estarem na força de trabalho antes da pandemia, não estão buscando emprego no momento devido às restrições", ressaltou a Fiesp, em nota.
"Além disso, o PIB [Produto Interno Bruto] no segundo trimestre deve ter ficado próximo da estabilidade e as expectativas de crescimento para 2022 são de apenas 2,1%, segundo o último boletim Focus [pesquisa divulgada toda semana pelo Banco Central]", finalizou a companhia.