Mulheres denunciam assédio de médico Nabil Ghorayeb

Mais vítimas denunciaram assédios sexuais por parte do cardiologista Nabil Ghorayeb. Uma das mulheres ficou em silêncio por 20 anos, até que o caso veio à tona. Ele nega as acusações e não quer dar entrevista.

Com as denúncias, o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) abriu um canal de denúncias contra o médico, que já tem, até o momento, três casos divulgados. O MP-SP, de modo a encorajar as vítimas, que mesmo casos que tenham acontecido há mais tempo devem ser denunciados. O mais recente aconteceu em janeiro e o Hospital do Coração (HCor) afastou Gorayeb das funções.

"Eu estava com a minha filha e daí ele perguntou pra ela como os meus seios eram lindos. Ele não queria saber como eu estava, não foi essa a pergunta que ele fez", relata uma das vítimas. O assédio aconteceu dentro do consultório de Ghorayeb, no Ipiranga, zona sul da capital paulista.

Ainda de acordo com o relato, a consulta prosseguiu. O médico solicitou que ela deitasse na maca para medir a pressão e pediu que relaxasse, com uma música ambiente. Na sequência, tocou nos seios da vítima.

A mulher chegou a ir outra vez no consultório, sozinha, para devolver um equipamento. "Ele convidou-me pra jantar e levantou-se, né, da cadeira dele, veio na minha direção pra eu beijar na boca. Eu empurrei ele com toda a minha força", conta.

Em outro relato, o cardiologista pegou a mão da vítima e passou a mão dela por cima da calça dele. Ghorayeb também tocou a mulher, pelo vestido. 

A administradora Bárbara Leite tomou a iniciativa de reunir os relatos. Ela mesma foi vítima do médico, em 2017, enquanto acompanhava o pai, que era paciente de Nabil e tinha câncer. Na situação, a mulher foi sozinha buscar uma receita.

"Cheguei e ele me deu um beijo e um abraço super constrangedor. Você percebe a energia do que está acontecendo. Pegou a minha mão, levantou, me girou dentro do consultório e disse: 'nossa, deixa eu ver tudo isso'". Após relatar a situação à família, nunca mais acompanhou o pai às consultas. Bárbara teve coragem de procurar a polícia após a morte do pai, que chorou ao saber do assédio que a filha sofreu.

Em nota, Nabil Ghorayeb afirmou que as acusações são "Inverídicas, infundadas e descabidas". Diante das denúncias, Bárbara finaliza: "Começa a trazer um horizonte sobre: por qual razão a gente dá tanto prestígio pra uma pessoa? Prestígio a algo dado e nunca questionado?".