Perto do fim, CPMI do 8/1 ouve produtor de soja como financiador dos golpistas
Argino Bedin, produtor do MT, e familiares tiveram contas bloqueadas pelo STF no início do ano; alvo será ouvido nesta 3ª feira

Ricardo Brandt
A CPMI dos Atos Golpistas do 8 de Janeiro ouve nesta 3ª feira (3.out) o depoimento de Argino Bedin, empresário da soja de Mato Grosso. Suposto financiador dos ataques na Praça dos Três Poderes, em Brasília, e dos protestos pós-derrota de Jair Bolsonaro (PL), nas eleições 2022, Bedin e familiares foram doadores da campanha do ex-presidente e investigados pela Polícia Federal por "patrocinar" os "golpistas".
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O pedido de convocação de Bedin é da relatora da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), senadora Eliziane Gama (PSD-MA), e do deputado Carlos Veras (PT-PE).
Segundo um dos requerimentos, "Bedin é um latifundiário sócio de pelo menos nove empresas e teve as contas bloqueadas por decisão do ministro Alexandre de Moraes."
O convocado buscou no Supremo Tribunal Federal (STF), via defesa, o direito de não comparecer à CPMI. Mas a decisão o isenta de responder perguntas que possam gerar provas contra ele, mas não deixar de ir até o Congresso.
Na 5ª feira (5.out), o subtenente da PM-DF Beroaldo José de Freitas Júnior, da Tropa de Choque, que enfrentou golpista no 8/1, será ouvido.
Próximo do fim - a CPMI tem até o dia 17 para encerrar os trabalhos -, a comissão ouviu 19 pessoas. Entre eles: os ex-ministros do GSI generais da reserva Augusto Heleno (do governo Bolsonaro) e Marco Edson Gonçalves Dias (do governo Lula), o ex-ajudante de ordem de Bolsonaro Mauro Cid, policiais militares do Distrito Federal, o ex-superintendente da Polícia Rodoviária Federal Silvinei Vasques, peritos criminais, os condenados pela bomba no aeroporto e o hacker da Lava Jato Walter Delgatti.
Teses
A base governista da CPMI é maioria e deve conduzir os trabalhos finais da comissão. A tese defendida pela base governista e pela relatora da CPMI é de que seis incidentes anteriores ao 8/1 foram parte de um plano único.
Veja quais atos a CPMI governista aponta como conexos:
- 30.out.22 - As ações da PRF de blitze em ônibus no segundo turno das eleições;
- 30.out.22 - Os bloqueios de rodovias em todo país, depois da derrota nas urnas para Lula;
- 01.nov22 - Formação e manutenção dos acampamentos na frente dos quartéis do Exército;
- 08.dez.22 - A tentativa de invasão ao hotel em que Lula estava hospedado em Brasília, no dia da diplomação presidencial;
- 12.dez.22 - A tentativa de invasão à sede da PF e atos de vandalismo e depredação, em Brasília, após prisão do índio Tsererê Xavante;
- 24.dez.22 - A tentativa de atentado a bomba em um caminhão-tanque, nos arredores do aeroporto de Brasília;
- 08.jan.23 - As invasões e depredações do 8 de Janeiro, no Planalto, Congresso e STF.
Os parlamentares da oposição, em especial os da bancada bolsonarista, devem elaborar um relatório final paralelo para a CPMI do 8/1, em que vão apontar responsabilidades de membros do atual governo nas invasões e depredações das sedes dos Três Poderes.