"Banalização do Holocausto": Instituto Brasil-Israel repudia fala de Flávio Bolsonaro em CPMI
Senador comparou prisão de golpistas no 8 de janeiro à morte de vítimas do nazismo em câmaras de gás
Emanuelle Menezes
O Instituto Brasil-Israel (IBI) emitiu uma nota de repúdio após o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) comparar, durante sessão da CPMI do 8 de janeiro, nesta 3ª feira (26.set), os presos nos atos golpistas com as vítimas do Holocausto. No posicionamento, a entidade classifica a declaração como desrespeitosa e ofensiva a memória.
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"É um caso clássico de banalização do Holocausto. Flávio decide entrar em resoluções assustadoras, sendo desrespeitoso e ofensivo com a memória", diz a nota.
Para o IBI, ao contrário dos depredadores de Brasília, as vítimas do Holocausto não cometeram nenhum crime. Elas "foram exterminadas em razão de sua identidade religiosa, nacional, sexual ou política", afirma a entidade.
A reação do instituto aconteceu após uma fala de Flávio Bolsonaro na CPMI do 8 de janeiro. Durante o depoimento do general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o senador declarou que "as prisões das milhares de pessoas nos dias 8 e 9 de janeiro foram feitas nos moldes nazistas".
"A gente via pessoas com medo, querendo fugir do nazismo e sendo direcionadas para dentro de estações de trem de uma forma pacífica, com uma falsa promessa 'olha, vem com a gente. Vamos andar aqui em fila indiana, vamos caminhando que vocês vão entrar em um trem e vão fugir do regime nazista'. Enquanto estavam dentro das estações de trem, eram ligadas as câmaras de gás e as pessoas morriam aos milhares. Muito parecido com o que aconteceu aqui nas prisões dos dias 8 e 9 de janeiro. 'Vamos aqui, entra no ônibus, vamos te botar na rodoviária para você voltar para a sua casa'. E o destino foi o presídio", continuou.
Leia nota do IBI na íntegra:
A declaração feita hoje por Flávio Bolsonaro em que compara vítimas do Holocausto aos depredadores de Brasília é um caso clássico de banalização do Holocausto. Flávio decide entrar em resoluções assustadoras, sendo desrespeitoso e ofensivo com a memória.
Fala de mulheres grávidas e crianças a caminho da câmara de gás e dos crematórios nazistas para compará-los aos infratores condenados pelo vandalismo em Brasília.
Ao contrário dos detidos e presos por crimes em Brasília, as vítimas dos nazistas não cometeram crime algum, e foram exterminadas em razão de sua identidade religiosa, nacional, sexual ou política.
Por fim, Flávio Bolsonaro afirma ter visitado o Museu do Holocausto em Jerusalém, o que o legitimaria a fazer tais comentários. Mais uma distorção negacionista que fere a memória das vítimas.