Popularidade em queda de militares consolida desencanto de bolsonaristas
Pesquisa Datafolha confirma dados anteriores da Quaest e aponta maior descrédito com Forças Armadas
O fim do governo de Jair Bolsonaro tem consolidado uma queda na popularidade dos militares entre a população brasileira. Pesquisa Datafolha divulgada nesta 6ª feira (15.fev) e neste sábado (16.fev) confirma dados anteriores da Quaest e aponta maior descrédito com Forças Armadas. Os números apontam desencanto por motivos diversos, incluindo escândalos para pessoas identificadas com a esquerda e falta de ação em favor de "patriotas" entre a turma da direita.
Outro levantamento do Datafolha, publicado pelo jornal Folha de S. Paulo, mostra também que a confiança em militares atingiu o pior índice desde 2017: atualmente, 34% dizem confiar muito nas Forças Armadas, enquanto 44% confiam pouco e 21% não confiam.
Os resultados das pesquisas (veja mais no fim do texto) coincidem com uma semana de possíveis desgastes militares no Congresso. O general da reserva Walter Braga Netto, um dos principais aliados de Bolsonaro, tendo ocupado cargos de ministro no antigo governo e concorrido à vice ao lado do ex-presidente nas últimas eleições, foi convocado para depor à CPMI do 8 de janeiro.
A ida do militar será na 3ª feira (19.set), conforme antecipou o SBT News. Ex-chefe da Defesa e da Casa Civil, ele é acusado de liderar articulações para interditar o resultado eleitoral de 2022 - e, assim, impedir a posse de Lula. Em paralelo, Braga Netto é investigado pela Polícia Federal por contratos enquanto atuou como interventor federal no Rio de Janeiro, durante o governo de Michel Temer.
PEC Militar
A PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que veta candidatura de militares também deve avançar nesta semana. Com número de assinaturas necessárias, o texto será reduzido - e possibilitará que militares continuem a ocupar cargos de ministros de governo, caso sejam convidados. A PEC é negociada pelo líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA). Ao SBT News, ele afirmou que o tema está "pacificado" entre as Forças de Segurança, e que só dependia do restante das assinaturas para avançar.
O instituto Datafolha lançou duas pesquisas: a primeira mediu o grau de confiança entre militares, e o resultado mostra ser o pior desde 2017, início da série histórica do Datafolha. Em 2023, 34% afirmam confiar muito nas Forças Armadas, 44% confiar pouco, 21% não confiar e 1% diz não saber.
Outro questionamento feito foi: "Oficiais das Forças Armadas estiveram envolvidos em irregularidades cometidas no governo Bolsonaro?". Para a pergunta, 61% disseram que sim, 25% que não e 14% afirmaram não saber. A percepção foi medida com 2.016 eleitores, em 139 cidades, nos dias 12 e 13 de setembro. A margem de erro é de dois pontos para mais ou menos.
Pesquisa Quaest divulgada em agosto também mostrou queda de confiança dos brasileiros nas Forças Armadas, e marcou os 33% entre os que dizem "confiar muito" - uma diminuição de 10 pontos percentuais em comparação com mesmo levantamento em dezembro. O percentual dos que disseram "confiar pouco" foi de 23%. E os que disseram não confiar marcou os 23%.
O levantamento foi divulgado no dia 21 do último mês, e ouviu 2.029 pessoas de forma presencial entre os dias 10 e 14 de agosto, com margem de erro de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos.
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