Financiamento privado volta ao debate com polêmica do "fundão"
Novo vai insistir no fim da verba pública para campanhas, e aposta no recurso privado com fiscalização
Roseann Kennedy
A polêmica em torno da aprovação do fundão eleitoral de R$ 5,7 bilhões para a campanha de 2022 motivou a retomada de um debate sobre o financiamento privado de campanha. Integrantes do partido Novo, por exemplo, defendem que a pauta volte a ser discutida na retomada dos trabalhos legislativos.
Em entrevista ao SBT News, o deputado Vinícius Poit (Novo-SP) disse que é preciso discutir o tema com as outras legendas e com a população, para estabelecer um modelo que permita a doação de empresas, com limitações que impeçam o toma-lá-dá-cá que resultou em escândalos de corrupção no passado, como o mensalão do PT.
"É preciso ter mais transparência e com algumas limitações para não acontecer o absurdo que aconteceu nas eleições de 2014, quando foram milhões de reais de dinheiro privado para campanha e depois se viu os escândalos gerados. A gente pode voltar o financiamento privado com controle e prestação de contas séria", opinou.
O financiamento privado para campanhas eleitorais foi proibido desde 2017, por decisão do Supremo Tribunal Federal e após escândalos de corrupção e caixa 2, como o do mensalão do PT e o Petrolão. Depois disso, o Congresso aprovou o fundo eleitoral que agora teve seu valor triplicado em relação ao último pleito.
Poit defende que o ideal seria acabar completamente com financiamento público, mas admite a dificuldade até de a pauta ser apresentada. "Acho difícil votar o fim do fundo eleitoral. A gente já apresentou uma proposta para acabar com o fundo, desde 2019. Mas não temos maioria. Mas se começar a pressionar, a população pressionar (...) Essa questão do fundão trouxe luz ao tema", disse.
Apoio no PSL
A deputada Carla Zambelli (PSL-SP) disse que é favorável ao financiamento privado. Sobre o fundão eleitoral, ela defende o veto já prometido pelo presidente Jair Bolsonaro, mas não considera necessário a aprovação de um valor intermediário como vem sendo discutido nos últimos dias entre parlamentares e o Governo.
"A eleição de 2018 já foi com um fundão triplicado em relação ao que se tinha em 2017. O fundão de R$ 2 bilhões (das eleições passadas) é muito mais do que suficiente para se fazer uma campanha. A gente não precisa de um valor intermediário nem de nenhuma mudança", afirmou.
Zambelli também ressaltou considerar que a volta do financiamento privado pode ser feita para doações corretas, sem fraudes na prestação de contas.
"Eu particularmente acho que o fundão público deveria acabar e deveria ser só o privado. Eu prefiro que as pessoas possam doar o dinheiro e caixa 1 e de forma honesta do que pegar dinheiro público pra isso ou usar caixa 2", concluiu.