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Congresso

Dominguetti reafirma denúncia, tenta envolver Miranda, mas volta atrás

Em sessão conturbada, vendedor que mencionou propina teve celular apreendido e foi alvo até de pedido de prisão

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CPI da Pandemia
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Luiz Dominguetti, policial militar e representante da Davati Medical Supply, reafirmou nesta 5ª feira (1º.jul) a denúncia de que o ex-diretor do Ministério da Saúde Roberto Dias pediu propina de US$ 1 por dose de vacina. Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, o vendedor tentou envolver o deputado Luis Miranda (DEM-DF) no caso de aquisição dos imunizantes e mostrou um suposto áudio do parlamentar negociando a compra diretamente com a empresa. Questionado, ele recuou e alegou ter sido "induzido ao erro" sobre o contexto da gravação. 

Primeiramente, o policial disse que Miranda estava negociando vacinas da AstraZeneca, da qual a empresa Davati seria intermediadora. Depois, alegou não ter mais certeza. Devido às incoerências, parlamentares decidiram apreender o celular do depoente para perícia e o aparelho só foi devolvido ao fim da oitiva, que durou pouco mais de sete horas. O depoimento dele estava marcado para 6ª feira (2.jul), mas foi antecipado após acordo entre os membros do colegiado.

"Eu recebi o áudio e acreditei no áudio de boa-fé. Me foi postado e induzido a acreditar que eram vinculados, que eram postagens próximas, uma embaixo da outra, dando a entender a mim que eram vinculados ao mesmo fato. A forma que eu recebi o áudio, que ela sugeria, uma ligação, que eram as mesmas tratativas", disse Dominguetti. Ele afirmou à CPI que recebeu as gravações depois do depoimento dos irmãos Miranda, na última 6ª feira (25.jun). 

Miranda e o irmão, o servidor da Saúde Luis Ricardo Miranda, contaram ter avisado o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre o suposto caso de corrupção nas tratativas pela vacina indiana Covaxin. O deputado ainda disse aos senadores que o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), teria sido citado por Bolsonaro como um dos interessados no esquema. Barros nega;

Após a divulgação do áudio, Miranda foi à CPI, entregou o áudio à Polícia do Senado e foi ao cartório validar a gravação na íntegra. 

Denúncia de propina

Segundo Dominguetti, a primeira proposta para a venda da vacina era de US$ 3,50 por dose, levada a Dias e a mais duas pessoas do ministério: Lauricio Monteiro Cruz, diretor do Departamento de Imuização e Doenças Transmissíveis, e ao ex-secretário-executivo Elcio Franco. No entanto, quando mencinou que seriam 400 milhões de doses, Franco teria ficado surpreso. 

"Ou seja, ele [Dias] não tinha avançado ou informado ao ministério, segundo Elcio Franco, dessa proposta. Ela foi novamente validada. Elcio Franco me perguntou pessoalmente com quem eu deixei essa proposta. Eu disse que tinha um outro coronel que não me recordava. E eu disse a ele que, com o Roberto Dias, houve uma troca de olhares. Ele baixou a cabeça, simplesmente saiu, pediu que dois estagiários pegassem nossos nomes, que entraria em contato", completou. 

Questionado sobre como teria sido o pedido de propina, o vendedor respondeu que "a vacina naquele valor não seria adquirida". "Vou tentar desconto", teria respondido Dominguetti. "Não, é pra cima, é pra mais", teriam dito. "Eu disse que não teria como fazer. O clima da mesa mudou. E logo se encerrou o jantar. No final, [disseram]: 'Pensa direitinho que vou te levar amanhã ao ministério'".

De acordo com o policial, caso tivesse fechado contrato, o valor da venda seria feito por um pró-labore da Davati, por porcentagem. "A Davati paga para todos os envolvidos, o Cristiano [Carvalho, CEO da Davati] e a parte técnica também, US$ 0,20 por dose. Então, eu acredito que receberia, em média, de US$ 0,03 a US$ 0,05 por dose. Isso é o que está no mercado", explicou. No total, o valor variaria de US$ 12 milhões a US$ 20 milhões.

Dias foi exonerado na última 3ª feira (29.jun), após suspeita de corrupção na pasta. Segundo o governo, a decisão ocorreu porque o ex-diretor não estava alinhado com as diretrizes do governo Bolsonaro, que foi eleito com o discurso de combate à corrupção. O presidente, no entanto, ainda não se pronunciou sobre as denúncias. 

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